Por um instante, esqueci onde estava.
Reabri os olhos, como se só os tivesse fechado por dez segundos, e o
apartamento continuava exatamente como o havíamos deixado. As luzes acesas e o
resto intacto, imóvel. O meu braço estava preso, entre o encosto do sofá e o
cabelo da Marina, que dormia com a cabeça apoiada no meu ombro direito. A sua
mão descansava a poucos centímetros do meu umbigo e eu movi os olhos
discretamente, na tentativa de olhar o horário no celular – apoiado em cima da
mesinha de centro – mas sem acordá-la. Não
dava para ver. Inferno, suspirei.
O chá
restava quase terminado sobre o tapete da sala. Dei mais uma analisada na minha
situação ali e percebi que não conseguia, de fato, me mexer. Tentei ensaiar uma
escorregada discreta para a esquerda, sem sucesso. E quando eu achava que não
poderia piorar, subitamente senti todas as latinhas de cerveja ingeridas com o
Fer naquela tarde apertarem a minha bexiga. Marina
que me desculpe, agora preciso me mexer mesmo. Tirei o braço do jeito menos
brusco possível, apoiando a sua cabeça delicadamente no sofá e corri pro
banheiro assim que me vi livre. Ufa.
Quando
voltei, tudo estava igual – exceto pela minha ex-namorada. Cadê a Marina? Andei, curiosa, até a cozinha e me apoiei no
batente. Ela estava lá, em pé frente a pia, meio descabelada e com a mesma cara
de cansada, lavando a caneca do chá. Óbvio. Naquela sua necessidade de
não deixar nada para depois. Achei graça. Olhei em volta e notei que o
apartamento continuava vazio.
_Sua irmã não tá aí? – perguntei.
_Ela quase não fica mais aqui – respondeu, sem tirar os olhos da água.
_Só acho engraçado, né. Quando a gente tava juntas, ela insistia em aparecer toda santa vez... Puta inferno! – eu ri e entrei na cozinha, me sentando na pia ao seu lado – E agora que não tem mais perigo, ela nunca mais tá aí, né?!
_É que ela arranjou um namorado... Faz um ano, mais ou menos – explicou, com o humor um pouco melhor, já enxugando a caneca no pano – Aí fica o tempo todo lá.
_Sempre assim... – comentei, apoiada na beirada, e olhei para o lado, curiosa – ...e ela ainda me odeia?
_Odeia... – a Marina ensaiou um sorriso, por fim.
Então deixou o pano úmido sobre o balcão e esticou-se para colocar
a caneca numa das prateleiras de cima dos armarinhos. Em seguida, fechou a
portinha de vidro e se juntou a mim, sentando-se ao meu lado na pia. Segurei a
sua mão e encaramos a parede por uns segundos, com os pés suspensos no ar, a
trinta centímetros do chão.
_Ei, deixa eu te perguntar uma coisa... – pedi, como quem não quer
nada, e a Marina me olhou – ...v-você... você dormiu com a Lê, meu?
_Como cê sabe disso?! – ela arregalou os olhos, surpresa.
_Por quê?! – ri – Não era pra eu saber?
_Não, sei lá, não tem problema, só... – desconversou – ...não achei que você sabia.
Deu de ombros, fingindo não ter importância, e eu a observei, sem
acreditar por um segundo naquele teatrinho. Ficamos quietas por um instante.
Reajeitei meus dedos entre os dela e ela apoiou a sua outra mão na pia. Então
insisti:
_E por que cê não me contou?
_A gente não tava se falando na época. Sei lá, faz tempo... – respondeu, encabulada – Quase três anos já, acho.
_Mas... tipo... rolou alguma coisa entre vocês?! – murmurei.
_Não, acho que... Foi mais porque, sei lá, nós duas estávamos sozinhas e... não sei. Pra matar a curiosidade, talvez, sei lá. Não sei.
_Então foi só uma vez?
_Por que você quer saber isso, meu?! – levantou o tom de voz, indignada com a minha pentelhice.
_Não sei, porra, tô só perguntando... – argumentei, insistente.
_Não, foram duas vezes. Pronto. Tá bom assim? Satisfeita?! – ela falou comigo como se estivesse dando bronca numa criança de dois anos – Agora chega, vai.
_Por que cê tá brava, meu? – achei graça.
_Porque eu não gosto de falar dessas coisas com você... – ela se irritou, ajeitando os óculos rapidamente – ...e eu não tô brava.
_Não, imagina... – ri, ironizando – E nada a ver, Má... Eu vivo te contando das meninas com quem eu dormi, meu. Qual é o problema?!
_Isso é diferente. É sua amiga, sou eu, é você, o clima naquela época era outro... – ela listou, fazendo a sua cara de gênio incompreendido, soando mais com a Marina que eu conhecia – Não sei por que cê tem que ficar cutucando.
_Tá bom, tá bom... – me rendi, ainda rindo – Eu paro. Ô, que horas será que são?
_Não sei... – ela se apoiou levemente para cima de mim e tirou o celular do bolso de trás da calça, olhando-o na mão – São... 22:14.
_Nossa, meu, achei que fosse mais tarde já – comentei distraída, com vontade de acender um cigarro, e não ouvi resposta; olhei para o lado, tirando o cabelo bagunçado do rosto, e a Marina continuava olhando para o celular, com uma mão na minha e o telefone na outra; os segundos passaram e o silêncio cresceu, incômodo, ela parecia chateada – ...Má?
_...
_Ei... – perguntei, baixinho – ...tá tudo bem?
_Ela não... n-não me ligou, não mandou nada.
_Ela vai ligar – cochichei.
Por que
diabos eu fui perguntar as horas?! Caralho, viu, eu
odiava ver a Marina magoada daquele jeito. Continuou olhando para o telefone e
eu a observava, sentindo-a mais triste do que antes, curvada e abatida. A
abracei, num impulso quase automático, e ela afundou o rosto no meu ombro, me abraçando
de volta pela cintura. Permaneceu quieta, cabeça-dura e orgulhosa como era. Mas
eu percebia que estava chorando, pela forma como respirava e se movia sob as
minhas mãos, sentia a umidade aos poucos atravessar a minha blusa, sobre o meu
ombro.
_Não fica assim, linda... – eu beijei a sua cabeça, passando a mão
pelo seu cabelo.
_Ela quase não fica mais aqui – respondeu, sem tirar os olhos da água.
_Só acho engraçado, né. Quando a gente tava juntas, ela insistia em aparecer toda santa vez... Puta inferno! – eu ri e entrei na cozinha, me sentando na pia ao seu lado – E agora que não tem mais perigo, ela nunca mais tá aí, né?!
_É que ela arranjou um namorado... Faz um ano, mais ou menos – explicou, com o humor um pouco melhor, já enxugando a caneca no pano – Aí fica o tempo todo lá.
_Sempre assim... – comentei, apoiada na beirada, e olhei para o lado, curiosa – ...e ela ainda me odeia?
_Odeia... – a Marina ensaiou um sorriso, por fim.
_Como cê sabe disso?! – ela arregalou os olhos, surpresa.
_Por quê?! – ri – Não era pra eu saber?
_Não, sei lá, não tem problema, só... – desconversou – ...não achei que você sabia.
_A gente não tava se falando na época. Sei lá, faz tempo... – respondeu, encabulada – Quase três anos já, acho.
_Mas... tipo... rolou alguma coisa entre vocês?! – murmurei.
_Não, acho que... Foi mais porque, sei lá, nós duas estávamos sozinhas e... não sei. Pra matar a curiosidade, talvez, sei lá. Não sei.
_Então foi só uma vez?
_Por que você quer saber isso, meu?! – levantou o tom de voz, indignada com a minha pentelhice.
_Não sei, porra, tô só perguntando... – argumentei, insistente.
_Não, foram duas vezes. Pronto. Tá bom assim? Satisfeita?! – ela falou comigo como se estivesse dando bronca numa criança de dois anos – Agora chega, vai.
_Por que cê tá brava, meu? – achei graça.
_Porque eu não gosto de falar dessas coisas com você... – ela se irritou, ajeitando os óculos rapidamente – ...e eu não tô brava.
_Não, imagina... – ri, ironizando – E nada a ver, Má... Eu vivo te contando das meninas com quem eu dormi, meu. Qual é o problema?!
_Isso é diferente. É sua amiga, sou eu, é você, o clima naquela época era outro... – ela listou, fazendo a sua cara de gênio incompreendido, soando mais com a Marina que eu conhecia – Não sei por que cê tem que ficar cutucando.
_Tá bom, tá bom... – me rendi, ainda rindo – Eu paro. Ô, que horas será que são?
_Não sei... – ela se apoiou levemente para cima de mim e tirou o celular do bolso de trás da calça, olhando-o na mão – São... 22:14.
_Nossa, meu, achei que fosse mais tarde já – comentei distraída, com vontade de acender um cigarro, e não ouvi resposta; olhei para o lado, tirando o cabelo bagunçado do rosto, e a Marina continuava olhando para o celular, com uma mão na minha e o telefone na outra; os segundos passaram e o silêncio cresceu, incômodo, ela parecia chateada – ...Má?
_...
_Ei... – perguntei, baixinho – ...tá tudo bem?
_Ela não... n-não me ligou, não mandou nada.
_Ela vai ligar – cochichei.
27 comentários:
FM sua foofa *-*
Eu queria bater na Bia :)
Amizade define.
MEUDEUS, MARINA LINDA. Só digo isso.
Vi a foto que tu botaste no forms de como a imagina e, olha, agora eu até troco a FM por ela, porque né... Eu só me apaixono mais por ela, assim não dá.
Team Marina forever!
Poxa ohhhhhhhhhhh modheusu, que fofissima....
E a Mia kd?...
P.S=> Parabéns por um ano do .:Fuckin'Mia, parabéns para todas nós que ganhamos os posts como presente.\0/
@Edflavia_ems
aaaaaaah que fofa meuu!!!!
não rola um flashback FM + Marina?
Awwwwwwnnnnnnn que linda ♥♥♥
Que fofs que a FM é...
E a Marina então... ela parecia tão segura... Mas estamos vendo que ela tbm é bem sentimental... E que a FM tbm pode dar bons conselhos e consolar alguém...
Linds esperando o próximo post... bjssss... @gy_dummer
Eii Mel... eu tinha que te parabenizar pelo blog, mesmo atrasada! ELE É SIMPLESMENTE DEMAIS e eu totalmente viciada, hahaha!
E só mais uma coisa... eu ADORO a Marina, sério meu!
Beijão!
;D
nada a comentar além de: *-*
você é uma convencida, isso sim! eleva a Marina às mais altas das alturas e depois tem a cara de pau de me falar que espelha a personagem em você. metida pra caráleo, hahahahaha! e não importa, eu sei que elas são amigaaaaas, mas, meu, olha isso, vai? eu não vi a foto de como vc a imagina. posta pra mim no Face?
;*
não rola um flashback FM + Marina? [2]
QUERO A MIA/QUERO A MIA/QUERO A MIA/QUERO A MIA/QUERO A MIA/QUERO A MIA/QUERO A MIA/QUERO A MIA/QUERO A MIA/COMPRE BATOM/QUERO A MIA/QUERO A MIA.Essa Marina é muito Mogwai...ela precisa trangredir a terceira regra.
Eu nunca comento, mas sempre vejo q vc não se importa qnd as pessoas corrigem alguma coisa, então lá vai:
no paragrafo q começa com "_Nossa, meu, achei que fosse mais tarde já" mais pra frente estão faltando umas letrinhas na parte "eu estranhe(i); o(s) segundos"
bom, era isso...nem precisa aceitar o comentário, viu
Bjos! Adoro o blog!
AAhh, que lindo post. =)
A parte dos "olhos marejados" doeu pra caralho!
Não podia deixar de comentar.
Sensacional, Melissa.
Marina desabando e as pessoas achando fofo Oo, mas hein?! hahaha
Só pq kem a gente gosta mto deixar o ombro ser molhado por choro
AHH, que lindas... ><
Socar a Bia :D
Gabi, vou corrigir assim que chegar em casa. Obrigada! ;)
E Dea hahaha eu nao disse que sou a Marina. Disse que de todas, eh a que mais tem de mim... Eu sou a consciencia da protagonista :) eu elevo todas as minhas garotas no blog hahaha
Beeijo,
Mel
meu deeus, eu adoro a marina *o*
por uns momentos super achei um clima entre ela e a FM, até pensei que fosse acontecer alguma coisa hahaha
mas ai, elas são umas lindas, fico boba!
beijos!
aaaaaah, mais uma noite com a marina não ia matar ninguém :~ #teammarina
não rola um flashback FM + Marina? [3]
team marina ♥
tbm quero flashback, só pra curar a tristeza dela vai Mel haha
OWN Marina... *--*
Posso levar ela pra casa e tentar consolar??
haushauahsuahsu
Amo demais a Marina. Se for pra ela ficar com a FM que seja só por uma noite, porque não quero que forme um triângulo com a Mia e a minha Má sofra ainda mais..
'-'
@tais_caceres
Flashback Não!!
A Marina não merece sofrer ainda maiss.. :D
Team Mia.. cadÊ ela??!! hauhauha
Kd a Mia ??? Sem ela os meus dias são tão iguais .
okay
soh eu ou maiis algm percebeu q se a FM naum sair daih em minutos vai rolar alguma coisa da qual as duas se arrependeräo mais tarde? :)
óteeemo cmo sempree!
\o/
Putz, eu sou a Marina, bua bua, só que menos durona e sem uma FM pra me ajudar t.t'
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