_22...
23... 24... Para de se mexer! – ela ria – ...e 25. Espera, essa já foi?
_Não.
_Tá. 26!
_Sua vez!
Nós duas
rimos e eu me virei no chão, ficando por cima dela. Ainda nua, coloquei uma
perna de cada lado do seu corpo e me pus a contar todas as tatuagens que ela
tinha – caminhando com os dedos de uma a outra. O cabelo da Mia se espalhava pelo
piso daquele chuveiro abandonado e seco, que provavelmente nunca tinha sido
usado. Ela também se esparramava. Esticava os braços e me esperava contar todos
os desenhos antes de girar, para que eu pudesse ver também os de trás. Flores. Besouros.
Libélulas. Adagas. Palavras. Plantas. Mariposas. Caveiras. Círculos. Panteras. Luas
pretas. E toda uma infinidade de rabiscos espalhados pelo seu corpo.
_7... 8...
9... – deslizei a mão entre os seus seios, a admirando – 10... – e então não me
aguentei, me curvando para beijar o seu peito, a sua barriga, a mordendo e
lambendo até chegar numa pequena tatuagem na sua costela – ...11.
_Cê não tá
nem prestando atenção... – a Mia sorria.
_Tô, sim...
– murmurei, com a boca ocupada, descendo até as suas coxas – 12... 13...
_Tão dedicada
você...
_14... –
continuei – 15... 16...
_Hum...
_17... – segurei
os seus pés carinhosamente, por fim, beijando os seus tornozelos – ...e é isso?
_Não... –
sorriu, imprestável – ...cê tá esquecendo umas aí.
_É?
_Tá, sim...
_Hum... –
a olhei, na sacanagem – Vira aí então. Deixa eu ver essa bunda...
E ela se
virou, na mesma hora. Empinando a bunda como quem só quer fazer maldade – é.
Bem na minha frente. Jogou o cabelo pro lado e ficou de quatro, me esperando contar.
Puta que pariu, cê quer me matar, né, desgraça? “18...”, respirei fundo, “...19”.
Fui passando a mão pelas suas costas, subindo até a sua nuca e entrelaçando
meus dedos no seu cabelo, a segurando, “20”, sussurrei, já me faltando o ar, as
suas costas se dobravam e desdobravam em dezenas de flores tatuadas, beijei a sua
pele, pressionando o meu corpo contra o seu, a sentindo se contorcer debaixo de
mim, numa vontade compartilhada, com a mão encaixada no alto da sua coxa. “21”,
perdi de vez o fôlego, com a boca já no seu pescoço.
E entre um
beijo e outro, por pura malandragem, me aproximei do seu ouvido – “hum, já
sabemos quem perdeu”. “Vai...”, ela riu e fechou os olhos, com tesão, se enroscando
ainda mais no meu corpo, “...se foder”. Desci a mão pela sua coxa e a Mia a segurou
no pulso, me guiando, colocando meus dedos entre as suas pernas. Cacete.
Fodemos mais
uma vez, como se não conseguíssemos evitar.
E assim
que terminamos, exaustas e suadas, sorrindo à toa, a Mia me olhou com desaforo –
“...e a propósito, você não ganhou”. Encostou contra a parede, sentada, continuando
a discussão como se não tivéssemos sequer a interrompido para transar por
minutos fio com os joelhos ralando contra os ladrilhos. Achei graça, recuperando
o fôlego.
_Mia... –
retruquei, ainda ofegante – ...admite, você perdeu.
_Mano, não
vale isso!
_Como não
vale, porra?!
_Não vale.
As minhas são bem maiores que as suas... – argumentou, toda suada, prendendo o
cabelo bagunçado no topo da cabeça – ...fica fácil ganhar com meia dúzia de
tatuagem pequena a mais.
_Nem vem,
meu, cê também tem umas minúsculas aí... – a provoquei de volta – ...que, né, se
juntar cinco dessas não dá uma minha!
_Tá, mas a
maioria dessas fui eu que fiz. Só por isso já vale o dobro!
_Claro que
não!
_Claro que
sim!
_Ok – ri –
Essa discussão não vai a lugar nenhum...
_Não mesmo...
– ela riu também.
Engatinhei
até onde ela estava e segurei o seu rosto, a beijando brevemente. Nós duas
rimos. Encostei na mesma parede que a Mia e observei os seus pés descalços, as pernas
largadas no piso frio. Ela tinha um pequeno triângulo com um risco atravessado
logo abaixo do joelho.
_E essa...
– apontei – ...foi você que fez?
_Foi.
_Mó bonita,
meu – observei as linhas, atenta – É muito difícil fazer?
_Não – ela
se espreguiçou, ao meu lado – Até tenho as agulhas aí, se quiser te mostro...
_O quê, agora?!
_Uai –
sorriu – Pode ser. Se cê num tiver medo de me tatuar...
_Olha, não
tenho, mas se fosse você, eu teria... – ri – Porque, né, eu não sei desenhar
porra nenhuma, só homem-palito.
_Eu não
ligo – me olhou, dando de ombros.
_Cê tá
falando sério?!
A encarei,
encantada pela completa falta de limites. E ela se levantou, pegando nossas
roupas. Nos vestimos sem pensar muito, rindo, e ajeitamos nossos cabelos como
deu no escuro do banheirinho. Então ela sorriu para mim, antes de destrancar a
porta, como quem está prestes a aprontar – “vem”.
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