“To indo dormir, bo... vms se ver amanha? qro te dar parabens, sua
azeda :)”. A Clara era a única capaz de me fazer sorrir no estado de
exaustão que eu me encontrava, em plena madrugada, largada no banco de trás de
um táxi. O carro já se aproximava da Frei Caneca. Na tentativa de ultrapassar
todos os bêbados que se aglomeravam em frente aos bares da Augusta, o motorista
se via forçado a ir lentamente e o trajeto parecia não acabar nunca.
Assim que chegou no meu prédio, paguei o cara e arrastei os pés
até o elevador. Subi até meu andar, meio escorada no espelho, lendo as mensagens
de amigos e ligações que perdi durante o dia. Meus olhos já estavam embaçados
de tanto cansaço. Sentia como se tivesse sido atropelada por um trem – e o pior
é que não podia ir direto para a cama. Preciso comer, senão vou dobrar de
fome, puta merda. Estava faminta. E como já eram quase três da manhã, as
opções de delivery eram consideravelmente limitadas. Decidi checar na geladeira
primeiro, rezando para ter qualquer merda que desse para esquentar ali.
Arroz velho e meio pedaço de pizza, argh.
Tirei os dois dali e os coloquei num prato, metendo-o no
microondas por quarenta segundos. Que se dane, como isso mesmo. Não
tinha condições de esperar uma entrega de sabe-se-lá onde, já estava caindo de
sono. Então sentei na mesa da cozinha e comecei a mandar pra dentro a refeição
mais deplorável da minha vida. Olhava para aquele arroz seco no prato,
escorregando pelos dentes do garfo, sem nem um feijãozinho para ajudar e me
dava pena de mim mesma. Lamentável.
Engoli tudo como deu. A coisa toda não demorou mais do que uns minutos,
desde a porta até a última garfada. Larguei o prato sobre a pia e fui até o banheiro,
caminhando pelo corredor com os olhos já quase se fechando. Assim que abri a
porta, todavia, a luz já estava acesa. E foi quando vi a Mia num camisetão
cinza, sentada de qualquer jeito contra a parede, meio caída no chão,
desacordada.
_Mia? – a olhei ali, confusa – Mia!
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