Sentamos num bistrôzinho de esquina lá pro outro lado da Augusta –
o lado “bom”. Eu com as mangas duma camiseta preta enroladas sobre os ombros,
ela numa camisa de linho branco que geralmente usava quando tinha que
entrevistar alguém importante. É. Mas sequer chegamos a falar sobre
isso. Passamos o jantar inteiro ocupadas com um único assunto – a Bia e a Patti.
Nos provocando por estarmos certas sobre a vida uma da outra.
A Marina adorava ter razão. E se gabava dez vezes mais quando
estava com uma taça de vinho na mão – o que era o caso ali.
_Olha, eu sei bem o que aconteceu...
_Hum... – eu ri, largada contra a cadeira, sem nem tentar impedi-la mais – ...me conta.
_Sabe o que é, meu, acho que cê anda com saudade dum amorzinho...
_Ando, é?
_É. Cê tá muito solta, flor, desde aquele rolo todo com a Mia. E isso não é bom... Cê pode até achar que engana com esse seu jeito... – deu mais um gole na taça, fazendo graça – ...mas eu te conheço. Eu sei que cê gosta de amarrar o seu burro por aí.
_Ai, Marina... – revirei os olhos, rindo – ...nada a ver!
_Quê?! É, sim! Por isso que cê se envolveu tão rápido com a Patti... – me contrariou – ...às vezes, tem mais a ver com a vontade do que com a pessoa.
_Mano, se eu tava querendo me apaixonar, então por que larguei ela lá e fui ver a Clara, meu?!
_Primeiramente, porque você é uma idiota, né? Não dá pra acreditar nas merdas que cê faz, às vezes... – me condenou com os olhos, detrás dos óculos pretinhos – Mas também porque... não sei. Acho que a Clara tem mais a ver com você, sabe? Talvez cê tenha se deixado levar um pouco pelo lance com a Patti...
_Sei – a olhei, irônica, me divertindo com as suas teorias.
Tinha uma certa calma na forma como a Marina me olhava, uma
serenidade cheia de si, como quem tem sempre razão. Às vezes eu queria saber o que se passa nessa sua cabeça, achei
graça. E sabia que ela me falaria, num instante, caso eu pedisse. Eu só não insistia
muito por medo da resposta. Das suas teorias infindáveis sobre a minha pessoa.
Medo de não concordar ou, pior, de que ela acertasse contra a minha vontade.
_Você tá rindo aí, mas é verdade... – ela continuou – Me diz se cê
num tá com saudade de acordar junto, de ter alguém, hein? Cê passou tempo demais
sofrendo, flor... – argumentou, segurando a minha mão por cima da mesa – Merece
ficar tranquila um pouquinho, ter alguém que te quer de volta.
_Menos, vai. Cê tá exagerando, Marina... – resmunguei – Ninguém tá apaixonada aqui! – matei o último gole da minha água e devolvi a garrafa sobre a mesa – Já podemos voltar a falar de você e da Bia, né? E de como eu tava certa?!
A Marina começou a rir, balançando a cabeça para mim, e também bebeu
o pouco de vinho que restava em sua taça. Nossos pratos já estavam devidamente esvaziados.
A enchi por mais alguns minutos sobre o quão errada a Bia era desde o começo e
ela pediu logo a conta para encerrar o assunto. A verdade é que parecia muito melhor
sem ela – mais leve. E isso me deixava feliz.
Pagamos. Aí ela me acompanhou até o lado de fora para eu fumar.
Estava chovendo de novo, então nos esprememos debaixo de um toldo, em frente ao
restaurante. A Marina aproveitou para checar suas mensagens no celular, enquanto
eu acendia o cigarro e dava o primeiro trago. Hum. Podia sentir o meu
braço arrepiar com o vento, descoberto naquela camiseta. Soltei a fumaça no ar,
observando-a se desfazer em meio às gotas que acumulavam sobre o toldo e caíam
à nossa frente.
_Ei – me ocorreu, do nada – Acabei não te mostrando a tatuagem que
a Thaís fez, né?
_Não!
Ergui a lateral da blusa para mostrar. E a Marina largou o celular
um pouco, dando uma olhada e sorrindo. Aí o frio pareceu aumentar – mesmo que
fosse só um pouco a mais de pele descoberta. Abaixei a camiseta e cruzei os
braços em frente ao corpo, levando o cigarro mais uma vez à boca. Numa tentativa
de acelerar o processo para entrarmos no carro logo. Mas parada ali, sob a
chuva gelada, de repente, não senti vontade de voltar para casa. Vontade
nenhuma – o que será que a Clara tá fazendo?
E aí, à surdina, tirei o celular do bolso e digitei um SMS
escondido para ela. A Marina começou a reclamar que os seus pés estavam
molhando, me acelerando para fumar logo. Coloquei o cigarro entre os lábios e
senti o celular vibrar, dei uma olhada discreta no visor. “Vem”. Tão
logo a vontade de ir me ocorreu, a reprimi. Sabia que não podia comentar com a
Marina. Nem a pau. Ela não vai mais me deixar em paz com suas teorias
românticas furadas. Meti o telefone de volta no bolso, tirando o filtro da
boca e assoprando a fumaça pro lado. E então apaguei o cigarro, ainda
inacabado.
_Vamos – falei.
A Marina pegou a chave e nós corremos até o carro, estacionado na
quadra de baixo, numa travessa da Augusta. Fechamos as portas com os braços e
parte da roupa molhados, num frio desgraçado. Cacete. Enquanto recuperava
o fôlego e me secava como dava, a Marina já foi dando partida. Aí saiu com o
carro, iniciando a volta no quarteirão para voltar em direção ao meu
apartamento. Droga.
A vontade de dormir com a Clara cresceu. Mas não queria pedir carona
para a Marina. Olhei as ruas passarem, inquieta no banco do passageiro,
conforme a gente se aproximava da Paulista – argh. Também não estava com
a menor disposição para pegar transporte público naquela chuva e a pior parte é
que o prédio da Clara ficava bem no meio da porra do caminho para a casa da
Marina. Inferno. Paramos no semáforo ao lado do Conjunto Nacional e eu
respirei fundo, prestes a me arrepender.
_Má... – disse, não me aguentando – ...cê m-me leva perto lá na
Sumaré?
_Cê não vai mais pra sua casa?!
_Não...
_Hum... – ela abriu um sorriso imprestável, na mesma hora – ...e o que tem na Sumaré?
Desgraçada.
_Hum... – eu ri, largada contra a cadeira, sem nem tentar impedi-la mais – ...me conta.
_Sabe o que é, meu, acho que cê anda com saudade dum amorzinho...
_Ando, é?
_É. Cê tá muito solta, flor, desde aquele rolo todo com a Mia. E isso não é bom... Cê pode até achar que engana com esse seu jeito... – deu mais um gole na taça, fazendo graça – ...mas eu te conheço. Eu sei que cê gosta de amarrar o seu burro por aí.
_Ai, Marina... – revirei os olhos, rindo – ...nada a ver!
_Quê?! É, sim! Por isso que cê se envolveu tão rápido com a Patti... – me contrariou – ...às vezes, tem mais a ver com a vontade do que com a pessoa.
_Mano, se eu tava querendo me apaixonar, então por que larguei ela lá e fui ver a Clara, meu?!
_Primeiramente, porque você é uma idiota, né? Não dá pra acreditar nas merdas que cê faz, às vezes... – me condenou com os olhos, detrás dos óculos pretinhos – Mas também porque... não sei. Acho que a Clara tem mais a ver com você, sabe? Talvez cê tenha se deixado levar um pouco pelo lance com a Patti...
_Sei – a olhei, irônica, me divertindo com as suas teorias.
_Menos, vai. Cê tá exagerando, Marina... – resmunguei – Ninguém tá apaixonada aqui! – matei o último gole da minha água e devolvi a garrafa sobre a mesa – Já podemos voltar a falar de você e da Bia, né? E de como eu tava certa?!
_Não!
_Cê não vai mais pra sua casa?!
_Não...
_Hum... – ela abriu um sorriso imprestável, na mesma hora – ...e o que tem na Sumaré?
17 comentários:
Oh a FM de olho nas coroa UHAUSHAUHSUHAUHSUHAUHSAUHUSHAUHS'
"sei lá, 'Mulheres com autoridade'...sabe como é..." hahahahaha
Bem verdade! hahaha
Aiiiin... eu AAAAMOOO a Marina, até fiquei com visu um pouco parecido com o dela(como eu imagino)! XD
Essas duas são marás...
Bem, estamos entrando numa era "todo mundo safadjenhha"?
Se siiiim, adoooorooo!!!
Esperando pelo próximo post, espero q não demore!
beijoooos
HUuummm... FM mudando de novinhas para tiazonas? Será??
Haha, a Marina seguindo os passos da FM =P
Tomara que a FM pegue a chefe e depois apareça com ela na frente da Mia ;)
Gosto quando se refere aos óculos como pretinhos u.u Falar aro me incomodou sei lá hahaha
A Marina tá moderna ein, não achava isso não -.-
Tô adorando a vibe da paz, e até pensei que elas se pegariam sei lá, pra descontrair, mas óbvio que é melhor não ser!
Ah Mel, sou a visitante 500.000 hahahaha
Adorei mesmo e não demora tanto sua linda!
eis que me pego fazendo todas as caras da Marina "enquanto ela também as faz". eu só não quero que elas fiquem juntas, porque a amizade delas é uma delícia. sempre tive vontade de conhecê-la. olhar através dos óculos de aros pretos e falar: mano, você é foda! hahahahahaha! ai ai... me sinto tão em casa aqui...
=S
Como é cruel estar viajando na sua narração e de repente ... FIM do post.
Ahhh, ficou mto legal esse post meu, adoro esses diálogos diretos/indiretos/discretos/indiscretos...principalmente entre a FM e a Marina. ^^ (Mas não esquece da Mia tá Mel, por favor?!) =)
Ahhhhhhh quero ver a Marina com a Devassa de novo e quero ver a devassa se encontrando com a Mia. OMG eu e minha louca ansiedade.
Lindas! A Marina é mesmo mto sábia '-'
Se fosse eu ia ficar perguntando até a FM falar o que tinha acontecido, todos os detalhes...
E a FM vai acabar pegando essa chefe dela não vai? hahaha
Post digno de 500 mil acessos, como todos os outros. =*
Adoro quando a devassa tá solteiríssima que ela NÃO PAAARA!! kkk eLA É DEMAIS. Esse blog é demais. Vc é demais meel!
AHH!! PARABENS PELOS 500 MIL ACESSOS!!! MERECE!!!!!!!!
Ah não creio!
Seria isso uma introdução aos dias "intensos" de trabalho?!
500.000 felicitações! Muito merecido.
Já tava com saudades da Marina. Ainda bem que ela apareceu, faz um bem enorme pra FM.
Parabéns pelos acessos. São muitos, embora menos do que mereça!
.
"Velha tipos uns 40..."
,
Chorando lágrimas de sangue aqui rsrs
Bjs
Ju T
Adoro a amizade delas =)) shaushas
FM no team coroas kkkkkkk
quero só ver
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