Merda, enfiei minhas coisas no bolso e saí para a
rua, em direção ao ponto de táxi, já realmente atrasada. A gravação tinha ido
até tarde e eu precisava chegar no Largo da Batata em quinze minutos. Ia na
festa de uma amiga da Clara que ainda não conhecia – uma tal de Natali, não
sei. Peguei um táxi até Pinheiros e assim que desci, acendi um cigarro. A
Clara ainda não tinha chegado. Porcaria.
Mantive os olhos abertos, checando os bolsos com certa paranoia, enquanto
tragava – tinha sido assaltada a poucas quadras dali, uns anos antes.
_Cê não vinha a pé? – estranhei, assim que vi a Clara descer de um
táxi também.
_Vinha. Mas, ah... – suspirou, ajeitando os ombros sob o meu braço
– ...já tava tarde, achei melhor vir assim!
Abraçou o meu corpo, conforme andávamos para a rua da sua amiga, e
eu lhe dei um beijo rápido na testa. Estava realmente linda. E é. É verdade que, no caminho até lá,
hesitei sobre os meus sentimentos. Sobre quanto era capaz de lidar com aquela nova,
ahm, situação. A realidade é que ver a Mia sempre me bagunçava a cabeça,
mas falar com a Marina também me fez cair em mim. No caso, bem em meio ao meu
caos emocional. Espatifada. E aquele não era o melhor estado de espírito para
se estar ao pisar numa festa barulhenta na Sumidouro em que te recepcionam com
shots de tequila, não é?
Mas que se foda.
Virei dois seguidos e decidi que não – não ia me deixar levar pela minha própria confusão. Entretanto,
tão rápido quanto a minha garganta parou de queimar, dose atrás de dose, logo percebi
que não estava tão no controle assim.
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