Caralho. Minha cabeça doía. Meus olhos se abriram,
lentos e desnorteados, feridos pela luz que invadia o cômodo. Os raios
cinzentos de sol entravam frios pela janela, machucando os meus olhos e
piorando aquela dor aguda que irradiava por todo o meu cérebro. A agonia – por
qualquer líquido que fosse – se alastrava pelas minhas veias, me dobrava o
estômago no meio do caminho e chegava seca à minha garganta. Completamente
desidratada, após uma noite daquelas.
Senti vontade de vomitar e ignorei. Foda-se. Continuei
deitada, imóvel. Minha posição me incomodava de alguma forma, porém demorei um
certo tempo para perceber, toda torta e largada no sofá. Espera, sofá? Olhei em volta, movendo apenas as pálpebras, judiadas
pela noite mal dormida, e nem um só músculo do corpo ou rosto. Tudo parecia se
mover em mareada câmera lenta. Meus pés continuavam calçados com os Nikes preto
e vermelhos sobre uma almofada e o azul-marinho do sofá. Estranho. A
minha jaqueta me apertava e o encosto me impedia de deitar com ambos os ombros
confortavelmente acomodados.
Puta merda, eu tinha
mesmo desmaiado na sala. Em algum momento da madrugada anterior. Forcei minha
mente, sonolenta, tentando refazer os meus passos Augusta abaixo e até a porta
de casa. Não consegui. Porra. Um
pedaço me faltava na memória. Passei as mãos pesadas pelo rosto e suspirei, me virando
e esticando um dos braços em seguida para a mesinha de centro, onde
aglomeravam-se o meu celular, um maço e as chaves de casa.
Peguei o telefone: nenhuma mensagem. Ufa. Para minha sorte, a caixa de saída estava vazia. E o maço
também, merda. Meu estômago se
revirava, oco, como se fosse dar a volta em si mesmo, de fora para dentro. Quis
vomitar, de novo. Não... não, caralho.
Num ato de protesto comigo mesma, levantei o corpo e arranquei a jaqueta,
largando-a longe, já sentada na beirada do sofá. Me forcei então a ficar bem.
Era só uma droga de uma ressaca, eu sabia e resistia ao mal-estar, teimosa. Já passei por pior.
Um cheiro enjoado vinha da cozinha. As luzes estavam todas acesas,
do corredor para lá, e um barulho de panelas me irritava os sentidos – que horas são? Me sentia confusa quanto à
linha temporal daquele fim de semana. Aquilo devia ter me acordado, o cheiro ou
o som, mas que inferno. Levantei-me, meio rabugenta, a cabeça pesada e o corpo
esvaziado. Caminhei pela sala na máxima velocidade que aquela ressaca
desgraçada dor de cabeça me permitia. Ou seja, tropeçando nos meus próprios
pés. Patética.
Encostei com as duas mãos no batente da cozinha. O Fer estava
cozinhando no fogão, de costas para mim, com uma calça de moletom cinza e uma
camiseta velha de dormir. Olhei-o por dois segundos, indiferente à nossa
discussão na noite anterior. Não era apatia minha, sei lá, era algo
diferente. Entrei e sentei numa das cadeiras em frente à mesa. O som do metal contra
o piso frio denunciou a minha presença e fez com que ele me notasse, olhando brevemente
por cima do ombro. Sem querer me dar atenção, continuou cozinhando e eu desabei
de cansaço, apoiada nas minhas palmas, com os cotovelos sobre a mesa e o rosto metido
no meu próprio cabelo. Fisicamente exausta, que
merda.
6 comentários:
ressacas são coisas complicadas :x
o que será que ficou pro fer daquela discussão?
e que musica era pra ouvir mel?
bjs
que dó dessa pessoa. pior que eu tava assim hoje!! haha
Bem minha caraa,hahaha
hora de morfar!
vixeee
*_*
Momento que terminei de ler o post.. E estou me obrigando a fazer uma pausa antes de ler o outro, só pra ficar mais emocionante.. =x
Ps. Mel! Sou sua fã!
Criss Hush
Bem coisa de bêbado mesmo, pior ainda quando se fode na noite anterior, rs.
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