Não é como se eu quisesse, de fato, ficar em cima da Mia. Em meio
à pista mais subversiva da Sarajevo, entre tanta gente se movendo junta e se
agarrando. Não – eu não queria. Mas assim que ela parou no meio da multidão
e se virou na minha direção, apoiando as mãos atrás do meu pescoço, os meus pés
se rebelaram e as minhas mãos desaprenderam a me obedecer. Já os meus olhos, bom,
esses eu nunca consegui tirar dela mesmo. E antes que eu pudesse perceber, as
minhas pernas já estavam entre as suas e o meu corpo perto demais. Para nos foder
de vez, o DJ ainda mandou uma pesada do Tricky. É – “Hell is round
the corner”. É exigir muito do meu autocontrole, porra, ter aquela mulher nas minhas mãos e a segurar de qualquer
forma que não fosse aquela. Com todo o respeito.
Isto é, mais ou
menos.
Mas não beijei, ok? Em momento algum. Nem de relance, nem um
pouco, nem por um instante encostei na boca da Mia. Naquela boca. Aquela.
Sabe, aquela... boca. Com aqueles lábios que me destruíam a sanidade. “We're
hungry, beware of our appetite" – a música ecoava numas batidas graves
e eu suava frio, puta que pariu,
enquanto a olhava descer, rebolando, deslizando aquela raba desgraçada pelo meu
corpo e se virando para mim, com a boca logo ali, na minha cara, a três
centímetros da minha, porra. Porra.
Um só movimento, um milésimo de segundo, e eu poderia beijá-la.
Mas não – eu não fazia nada. Nada. Cacete. Só a
olhava, ali, me olhando de volta, virando de costas e deixando o rosto de lado,
com as mãos para trás e o corpo encostado em mim, segurando nos meus braços e
escorregando as mãos para a minha cintura, pelas minhas pernas, conforme
abaixava na minha frente, deslizando o seu jeans no meu. De novo e de novo.
Perdendo qualquer noção de autopreservação. Caralho, garota, cê vai me
enlouquecer assim. Dava vontade de matar – só por existir do meu lado assim,
tão perfeita. Era isso ou fugir o quanto antes dali. Todavia, eu sempre ficava.
Com o coração na garganta, aquele verão de 40º nas calças e os olhos
irremediavelmente nela.
Tem gente que rouba o seu ar e nem percebe.
Agora a Mia começava a perceber o que fazia comigo e a desgraçada
gostava – podia ver ela se divertindo em como me deixava completamente babaca. E
eu continuava ali, dividida entre amá-la ou odiá-la por isso – porque bom é,
né? Mas aquela impotência acabava comigo. Puta merda. Chega a doer,
viu, com pontadas agudas no peito,
ter a garota que você quer nas suas mãos e, por motivo de amigo força maior,
não poder fazer nada. Argh. O absurdo é tanto que, uma hora, de repente,
você simplesmente precisa sair de perto. Ir tomar um ar, esfriar a cabeça,
fumar um cigarro, qualquer porra que seja. Sei lá. Qualquer merda que
tire ela da sua cabeça. Das suas
mãos.
E foi o que eu fiz – “já volto”, disse no seu ouvido e a larguei
sozinha na pista. Apenas o ato de sair daquele aglomerado de calor humano já me
fez respirar melhor, ainda que eu soubesse que a culpa ali era de uma só
pessoa. Encostei no balcão do bar que ficava perto da entrada, sentindo uma
leve corrente de ar vinda da porta, e pedi uma cerveja gelada para o cara de
dreadlocks que me encarava à espera do que marcar na minha comanda. O primeiro
gole foi como sentir o paraíso descer frio – e gostoso – por todas as paredes
de fogo do meu corpo. Acalmando vagarosamente aquele inferno ali dentro.
Ah, eu
precisava disso.
Suspirei, aliviada, olhando para a garrafa e a abaixando de volta no balcão. Mal a encostei e já subi mais uma vez, tomando outro gole, sedenta. Abaixei a cerveja e os olhos novamente, quando senti que alguém me observava. De canto de olho, vi um braço tatuado emparelhado com o meu, apoiado no balcão. Então subi o olhar. E dei de cara com o Fer, me encarando, puto. A dez centímetros de mim.
Suspirei, aliviada, olhando para a garrafa e a abaixando de volta no balcão. Mal a encostei e já subi mais uma vez, tomando outro gole, sedenta. Abaixei a cerveja e os olhos novamente, quando senti que alguém me observava. De canto de olho, vi um braço tatuado emparelhado com o meu, apoiado no balcão. Então subi o olhar. E dei de cara com o Fer, me encarando, puto. A dez centímetros de mim.
14 comentários:
Caramba,PUTAQUEPARIU mesmo...acelerou o coração da pessoa...
@Edflavia_ems
otimo post dnovo cláp cláp "tem gente que rouba o seu ar e nem percebe" perfeito
"aquele verão de 40° dentro das calças"...mas também né..pqp...a mia desnorteia qualquer um desse jeito!
amei o post
*-*
Eu me pergunto como?? COMO A DEVASSA CONSEGUIU SAIR DESSA?? velho, eu já estaria toda fudida uma horas dessas!!=D
Admiro ainda mais a FM por ter saido dessa ilesa.. ou quase!!
heheheh
Meeeu...
Bom o Fer pode está puto porque alguém contou algo pra ele, mas também pode ser porque ela largou a Mia sozinha na pista, eu não duvidaria. HAHAHAHA
PQP!!
Cadê o resto?
Não vai melar toda a noite perfeita agora né??
Diz que não!! xD
Cris Hush
"Tem gente que rouba o seu ar e nem percebe"...gostei disso!
FER. ♥
Ai ai ai, isso vai dar merda...
Ameeeei, perfeita descrição de tudo *-* E por fim: COOORRE FM! uehuehuehuehuehuehuehuehue '
MEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEU!
Morriiiiiiii lindo aqui!
HAHAHA
Nossa meu, nem sei qual é a palavra que define antes, o durante e o depois disso tudo kkkk só consigo pensar em "TENSO". E nem assim define ao certo né?
Caraca Mel, parabéééns!
Sério tá cada vez melhor, cara!
Daqui pro fim dessa comemoração sinto que vai rolar MUITA coisa!
Adorei =)
Deviam fazer um filme desse blog. ''Perfeito''
FFFFFFFFUUUUUUU
#tenso
Realmente "Tem gente que rouba o seu ar e nem percebe " .
Assim minha Mia se ela soubesse o quanto piro a kbeça só de pensar nela afffff .Acho que por isso torço tnto pra FM é do caralho esse lançe de amar hetero .
pra kem ñ acredita q uma situação dessas pode acontecer... já passei por algo parecido. #TENSO!
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