Eram 2:03
quando o táxi encostou em frente ao seu prédio. “cheguei :)”.
O porteiro já tinha sido avisado e quando o elevador parou no décimo-primeiro andar,
a Mia estava encostada na porta me esperando – num esquema para que os seus
pais não acordassem. Nos olhamos e rimos. “Eu não acredito que cê tá aqui”, ela
cochichou. Entramos cuidadosamente. No caminho até seu quarto, os meus pés mal encostaram
no chão, pisando como se fosse vidro. A Mia trancou a porta, com o cabelo preso
num rabo improvisado, usando uma calça de moletom cinza e um camisetão do
Discharge que ia até o seu joelho, todo furado por traças. Ela tossia, de tempos
em tempos; uma tosse doída. Nos enfiamos debaixo das cobertas na sua cama e ela
apoiou a cabeça no meu ombro, abraçada em mim – sequer nos beijamos. A sua
testa estava quente, febril, encostada contra o meu queixo. “Me conta uma história?”.
“Que história?”. “Qualquer uma”, murmurou, “só pra eu te ouvir falar”. E
durante os minutos seguintes, inventando conforme ia, sussurrei baixinho as
aventuras de uma peixe-boi que se apaixonava pela lua. Até a Mia dormir.
And you sang:
“Sail to me, sail to me, let me enfold you”
Here I am, here I am, waiting to hold you
– Song to the siren
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