_Oi...
_Cê me ligou?
_Liguei. Espera um segundo... – ouvi uma porta se fechar, do outro
lado da linha – ...queria saber como que cê tá.
_Eu tô bem – ri, sem entender – De ressaca só. Por quê?
_Ah... – a Mia hesitou – ...por causa do que rolou ontem com o Fê.
Tá tudo bem mesmo?
_Tá – respondi, um pouco incomodada com o assunto – Tá, sim. A
gente conversou hoje mais cedo.
_Não era pra cê ter ido embora daquele jeito, e-eu... – ela
tossiu, brevemente – ...eu fiquei muito puta com ele, a gente acabou discutindo
feio ontem.
_É. Eu sei.
_Ele te contou?
_Não, só comentou por cima. Mia, olha...
_Não, nada...
_Você tá bem?
_Sim. Só meio… sei lá, estranha.
_A gen... – ela pareceu se afastar do telefone, tossindo mais
algumas vezes – ...desculpa.
_Tudo bem por aí?
_Tá. Acho que peguei muito frio ontem, meu, acordei zoada.
_É “ressaca” o nome disso, cê sabe, né? – fiz graça.
_Pois é – ela riu também – Puta merda, tudo que eu queria hoje era
dormir, mas a minha casa tá cheia de parente. Vieram comemorar meu aniversário
– suspirou, com a voz ainda embargada – E você, vai fazer o quê hoje?
_Ah, a roupa, a louça...
_Besta – ela riu – Cê não vai sair?
_Não, meu, acho que vou ficar por aqui... dar uma arrumada nas
coisas, fumar um, sei lá.
_Hum... E a Marina, não vai ficar com saudades?
_Quê?! – eu comecei a rir.
_Ué. Cê não andava “passando as noites lá”? Vai deixar ela sozinha
justo no sábado à noite?! – continuou, fazendo graça – Que maldade.
_Jesus... – balancei a cabeça, rindo, sem acreditar – ...memória
de bêbado é uma desgraça mesmo, hein?!
_Memória seletiva, meu bem...
_Cara, pra começo de conversa, não foram “noites”. Foi uma... ou
duas, no máximo. E não tem nada a ver, o Fer aumenta as coisas – resmunguei –
Então, cê nem começa...
_Não tô começando nada... – a Mia riu – ...só tava curiosa para
saber o que tem de tão interessante na casa dessa Marina aí.
_Olha, já teve muita coisa interessante... – respondi, imprestável
– Mas hoje em dia, não. Não mais.
_Sei. Então, não tem nada?!
_Tem. Tem, sim. Tem você, sua tonta – eu ri e expliquei – Ela é
uma das únicas que sabe de você.
_É? Hum, e você falou bem de mim?
_Que absurdo! – ela riu, indignada – Como não é?!
_Um dia, quem sabe...
_Um dia, o quê?
_Eu te conto. O que ando falando de você por aí...
_Não quer vir me contar hoje?
_Hoje?!
_É. De repente, cê podia vir aqui...
_É?
_...e me sequestrar, quem sabe.
_Hoje não dá.
_Não?
_Não, meu, já vou sair com a Marina... – comecei a rir, de novo.
_Idiota! – ela riu também.
novembro 17, 2010
Iniciativas
Quando, por fim, saí do banho mais demorado da história da
humanidade, a luz do sol já perigava a desaparecer por trás do céu nublado e ia
se transformando, deprimentemente, num pôr-do-sol acinzentado. Argh.
Ainda me sentia um lixo. Andei pelo quarto só de cueca e moletom, procurando
calças-de-ficar-em-casa que não me apertassem. Vasculhei pela pilha de roupas
que se espalhava pelo chão e achei a parte de baixo dum pijama desbotado. Cacete. Queria
um cigarro agora. Olhei pela janela, sem vontade de sair
para comprar um maço na banca da esquina. Pateticamente dividida entre a moleza
pós-horas-de-choro e a minha maldita necessidade por nicotina. Me sentei na
ponta da cama pelo que me pareceram minutos a fio, tomada por uma preguiça
imobilizadora, até que o vício me venceu. Tá. Vou lá. Observei então o
meu jeans, largado em frente à cama, e pensei no quanto andava precisando ser
lavado. Que programão pra sábado,
revirei os olhos. Continuei a olhá-lo ali, enrolando o máximo que me fosse
possível para tomar qualquer atitude, sem coragem de trocar as calças naquele
frio. Acabei
enfiando
um All Star velho no pé e descendo de pijama mesmo. Foda-se. Cruzei até
a outra calçada, sentindo aquele vento gelado na cara e no cabelo molhado – porra, São Paulo. Aí contei minhas
moedas em frente ao atendente da banca de jornal, para ver se conseguia pagar
um Marlboro vermelho, mas o dinheiro não deu. _Me vê qualquer um, então – disse, irritada. Acendi o primeiro logo que virei as costas, enquanto esperava os
carros terminarem de passar na minha frente. Atravessei a rua de volta,
morrendo de frio, e parei no portão do meu prédio para terminar o cigarro. Por
que diabos não se pode fumar em elevador? Alcancei o celular no bolso do
moletom, entre um trago e outro, e reparei numa chamada não-atendida da Mia. Inferno, respirei fundo. Mais do que
nunca, me incomodava com o quanto filha-da-puta eu estava sendo com o Fer, sem saber o que fazer com aquela situação
toda em que me meti. Joguei a bituca fora e subi, indo
direto para o meu quarto, trancando a porta atrás de mim. Sentei na cadeira do
computador e olhei para um post-it amarelo grudado na torre do PC – um lembrete
escrito por mim mesma, dias antes, de que meus pais me visitariam naquele
domingo. Bosta, lembrei com desgosto
do compromisso, que me dava mais um motivo para lavar a porcaria da roupa suja
amontoada no chão. Peguei o celular na mão novamente e olhei para a chamada
perdida. Mia. E sem pensar muito,
apertei o botão verde sob o meu dedo, vendo o seu número chamar na tela. _Oi. Senti uma angústia entalar na garganta. Queria lhe dizer o quanto tínhamos
passado do limite, o quanto a amizade do Fer significava para mim, o quanto tudo
aquilo tinha me incomodado o dia todo – mas não consegui. Ouvia a sua voz e
imediatamente me lembrava da pista escura da Sarajevo, de como me sentia com
ela. De como a amava. E de repente, todo aquele peso se diluía. _O quê? – estranhou, após segundos de silêncio meu. E tem
algum outro jeito de falar, garota? _Isso não é da sua conta... – disse, já achando graça na reação
que ela sequer havia tido ainda.
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19 comentários:
MIA MUITO FOFA COMO SEMPRE, NÉ ♥
bem q o Fer podia sair de casa e a mia ia pra lá 'ajudar' a FM na empreitada de arrumar o quarto dela haha
e mta maldade esses joguinhos no cel u.u
trocando de roupa e partiindo pra Higienópolis em 5...4...3...
hahaa
ela tem q iir...
naum se perde uma oportunidade dessas... 666
xoxo
@MBLestrange
That awkward moment when you realize you're in love with a fictional character.
I AM. FM <3
Gente, só a Mia mesmo pra continuar nessa com o Fer tendo a FM linda e apaixonada. Larga logo esse homem, né?
=*
genial! juro que é muito fácil de imaginar essas conversas, é meio que uma realidade inventada, mas uma cópia muito fiel.. tu escreve muito bem meu, de verdade!
eu iria...
com certeza
rsrs
Essas conversinhas bobas são tão gostosas... =)
Acho que tô carente hoje! :$
Criss Hush.
ok, eu tou começando a ficar bem irritada. sabe quando tem emoção demais? conta logo pro Fernando, ou conto eu!
"A Marina não vai ficar com saudades de você?" ... "Tem. Tem, sim. Tem você, sua tonta"
EUHUEHUEHUEHUEHUHEUHE acho isso tão fofo. É incrível como elas não conseguem ficar 5 segundos "em crise" discutindo sobre o assunto sério entre elas... O lance rola muito simples e fácil, apesar de tudo. Vai lá FM, ter mais sintonia pheeena perto da tua mina, rs. Parabéns, Mel :D
AIII, continua logo Mel... ><
FM e Mia toda fofas ><
Que sdd que deu agora!!
Essas conversinha "Bobas" são as que mais marcam.. ♥
Essaa Mia, é uma malinha mesmo..
Já que vucuvuco com a FM!! HAUAHUAHAUHAUH
Desta vez o post tá muito fofinho! Óbvio que é devido a capacidade ímpar de nossa escritora preferida e de cmo ela consegue retratar essas coisinhas que acontecem no mundo "real". Parabéns
Aaaaaaaaaah que lindas *-*
Meu, eu me coloco nas situações, mesmo que ainda nem as tenha vivido.. suas lindas!
Mel, que aflição cara :B
Post Fodex
Parabéns <3
essas conversinha com as duas se flertando são as melhores, eu amo hahaha
Você ainda me mata, sério.
que gracinha! minha namorada também me chama de tonta o tempo todo, mel...bem que podia rolar um post mais quente agora né, to com saudade.
mas olhe q blz... qdo a gente acha q alguma coisa vai mudar, td gira e para no msm lugar =z
nota de roda pé: engraçado como toda Marina acha q eh unica na Terra, toda vez q falam na Marina nos posts, eu demoro um tempo pra m situar
Ahh essa Mia... putaquepariu...
Nhaaaaaam DIVIIIIIINO *-*
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