Estávamos metidas, eu e a Mia, nuns erros beijos sem fim.
E eu deveria parar. Deveria. Mas cada vez que pensava em recuar,
meu corpo já estava puxando-a de volta. Todo o resto desaparecia. Ainda assim,
eu me controlava. E é – é difícil se controlar com a mulher que você ama
praticamente subindo no seu colo, não é, mas eu não podia arriscar. Não
com o Fernando em casa. Um beijo flagrado ainda é mais justificável do que
“perdi minha integridade e fui procurar no meio das pernas da sua namorada”. Melhor evitar ideias potencialmente idiotas, pensei.
Não que o que quer que estivéssemos fazendo ali fosse muito
inteligente para começo de conversa. A Mia, claro, não ajudava. Suas mãos
subiam incertas pela minha nuca, pelos meus ombros, como se não soubessem ao
certo o que fazer, até onde ir, mas não conseguissem parar de me
procurar. E se ela não parava, eu também não conseguia. Como você impede a sua
mente de ter os pensamentos mais sujos? As suas mãos de abrir caminho entre a...,
aquelas coxas? Meu deus, não dá. Era tortura.
Minhas mãos ensaiavam e abortavam todos os tipos de movimentos
mais indiscretos. Detidas sempre pela memória da porta destrancada, ali,
ao nosso lado. Quanto mais o tempo passava, todavia, o autocontrole se tornava uma
tarefa cada vez mais difícil. Seus lábios não soltavam os meus por um segundo
sequer, sentia a sua língua na minha e aquilo me enlouquecia. Foda-se. Perdi
a linha e a trouxe para o meu colo. A Mia me beijou forte de volta, colocando uma
perna de cada lado do meu corpo. Numa urgência proporcional ao medo de sermos
descobertas. Ia fazendo uns gemidos baixinhos entre um beijo e outro,
respirando fundo – sabe, aqueles? Senti que ia perder totalmente a
cabeça.
E aí a brincadeira começou a ficar perigosa.
Enchia minhas mãos com as pernas da Mia
e pensava, se o Fer entrar... Sentia
o seu corpo oscilar contra o meu. Perto demais. Mano, se o Fer entrar... Deslizava as minhas mãos para a curva
entre as suas coxas e o seu quadril, a segurando firme no meu colo. Porra, se o Fer entrar... Ela me
agarrava pelo cabelo e me beijava com tesão. Caralho, se o Fer entrar... Eu subia minhas mãos por debaixo da sua
blusa, com vontade. Se o Fer entrar... Filha-da-mãe, a Mia
curvava o corpo para frente, pressionando os seios contra minhas mãos e... puta que pariu. Isso vai dar merda.
_Melhor... – tirei as mãos da sua camiseta, num lapso de bom
senso, antes que fosse tarde – ...m-melhor a gente parar por aqui.
_N-não... vem aqui! – a Mia murmurou, sua boca ainda colada na
minha.
_O Fer...
Argumentei, recuperando o fôlego.
E senti o meio molhado das minhas pernas. Cacete. A olhei
por um instante, com uma vontade desgraçada. Porra, mas que merda. Merda. Merda!
Esfreguei a mão na boca, tentando me forçar ao autocontrole. A Mia continuava
no meu colo, naquele moletom que tornava tudo mais difícil, como se fôssemos só
eu e ela numa noite qualquer no meu quarto, como uma porra de um casal. Tinha os
cabelos levemente bagunçados, e tudo o que eu queria era ir para cima dela. Destruir
a minha integridade, a minha amizade com o Fer – o que precisasse ser feito só
para estar com ela. Sentia o meu corpo inteiro pender na sua direção. Inferno.
Ainda ofegante, ela se abaixou e encostou então a testa na minha. “Por
que isso é tão difícil?”, sussurrou. E senti o meu coração apertar.
Porra.
De olhos fechados, a Mia deslizou o seu rosto no meu, parando
perto demais da minha boca. Mas a lembrança do Fer na sala agora nos impedia de
seguir em frente – isso e o fato da tranca da porta não estar ao alcance das
minhas mãos. Maldição. A Mia ergueu os olhos na minha direção, aqueles
seus olhos castanhos que me faziam esquecer de respirar. E eu passei a mão no
rosto, de novo, como se acordasse de um sonho, tentando esfriar a cabeça.
A Mia achou graça. Então saiu de cima de mim, ajeitando a camiseta
de volta no lugar e eu fiz o mesmo, nos levantamos – agora comportadas. Ela arrumou
um pouco o cabelo para não dar bandeira e foi até a porta, abrindo a maçaneta. Pouco
antes de sair, no entanto, se apoiou no batente:
_Escuta, você ainda me deve umas aulas, viu?
_Aulas?
_É... – deixou um sorriso escapar no canto da boca – Já esqueceu
sua promessa?
_Como assim? Não. Espera! – a puxei de volta para dentro, a colocando
contra a parede – Vem cá. Fala direito.
Aquilo mudava tudo. Tudo.
A Mia riu. Eu sabia que ela estava falando da conversa que tivemos
no pátio do seu prédio, mas queria ouvir da sua boca. Diz, garota, diz pra que
quer umas aulas minhas. Quero te ouvir falar. Uma coisa é você querer um
doce, outra bem diferente é o doce pedir para você comer ele. Um calor subiu pelo
meu corpo. Meus dedos apertaram a sua cintura, a sua calça de moletom escorregava
levemente no seu quadril, larga e macia, contrastando com o toque da sua pele
sob a minha mão. Eu a olhava fixamente.
_Me conta o que cê quer aprender... – pedi, já descendo minhas
mãos.
_Não, não. Num outro dia...
De repente, todo o autocontrole de dois segundos antes foi por
água abaixo.
_Só me lembra rapidinho... – insisti, obcecada pela ideia, e ela
se divertiu com a minha mudança de atitude – O que era mesmo, hein?
_Hoje, não...
_Não faz isso...
_Outro dia, outro dia...
A Mia riu, me empurrando de cima dela, a agarrando e implorando, com
vontade de dar aquelas aulas ali mesmo. Não faz isso comigo, vai. Mas
ela se virou para sair, determinada a foder com a minha cabeça. A olhei,
indignada, conforme ela ia fechando aquela maldita porta. “Cê tá de sacanagem”,
contive o riso, falando baixo, “como diabos eu vou dormir hoje, mano?”. Mas ela
só deu de ombros, achando graça no meu sofrimento. E fechou a porta.
Filha-da-mãe.
25 comentários:
Não sei porque mas sinto uma certa felicidade quando a Mia faz uma dessas. Nem sou TeamMia, mas me dá uma coisa boa no estômago. rsrsrs
Se o Fer aparecer... nada como aquela sensação de poder ser pega em flagrante pra tornar tudo ainda melhor... e olha que já bom pra caralho! =x
'uma coisa é você querer um doce, outra bem diferente é o doce pedir pra você comer ele.' A-DO-REI!
achei esse post extremamente real, essas heteros de meia tigela sempre fazem isso e deixam a gente sofrendo!
muito bom o post, parabéns!
Caraca,muito bom o post.Esse rolo tá cada dia melhor,mal posso esperar pela 1ª transa das duas rsrs.É bom nem imaginar como seria !!
Woow!
A Mia ME irritou agora. o.o'
Go TeamMia!!!!!
E assim a Mia continua se mostrando cada vez mais safadinha...
isso vai longe, e cada vez mais perigoso (6) adoraaando aqui...
valeu a pena a espera, os diálogos são mesmo o máximo e o teu modo de escrever é, digamos, "intoxicante" hehehe
HAHA, eu trancaria essa Mia no quarto e dava essa aula, formava ela na faculdade, faria pós-graduação, mestrado e doutorado! E sim, to cada vez mais viciada nesse blog! Parabéns!
Essas pseudo-heteros... Sempre deixando a gente na vontade.
HAHAHAHA comentário desse giiturioni
meew, eu lembro que aulas são essas hahaha
ainda bem que a mia lembrou! q
UAUHDUAH adoreeei, a coisa do doce 8D
ta anotado! (h)
aos poucos a mia ta conseguindo se redimir no meu conceito,mas confesso que a dani vai fazer falta .__.
Nem quero ver no que isso vai dar. Só sei que eu ainda perco o fôlego com isso tudo.
Um comentário sobre o blog em geral e não sobre o post (que, no mais, foi lindo):
O título "Fuckin' Mia" não é fantástico? É como "Kill Bill", diz exatamente do que se trata, sem embromações, soa muito bem e nunca mais sai da cabeça (como a Mia), perfeito! rsss...
Achei super digno da Mia ter deixado gostinho de quero mais. :p
Quero ver o próximo como vai ser ^^
É incrível como a arte de provocar é um dom de poucos e que atinge a muitos, senão a todos...
Incrível também como a Mia tem esse dom!
;D
“Ah, se o Fer entrar... Mano, se o Fer entrar... Porra, se o Fer entrar... Caralho, se o Fer entrar” Eu fiquei muito tensa nessa hora, juro!
A Mia está se soltando, finalmente, e provocando a Devassa de todas as formas, adooro! Cobrar as aulas na hora de sair foi “tacada de mestre”.
A Mia ganhou uns pontos depois disso tudo! =)
E... só restou o chuveiro pra nossa querida FM... definitivamente, foi o dia da caça! :)))
Ta, eu não sabia onde responder então vai por aqui mesmo. Primeiro, brigada =)
Please Kill Me é um drink da Funhouse, que eu peguei por causa do livro e mistura tequila com suco de laranja e mais outras coisas que eu não tenho condições de lembrar. Haha
E Fuck Art é tipo um podcast de indie rock e similares que eu coloco no ar toda sexta. Pela trilha daqui não sei se é exatamente o seu estilo =)
O tatuador eu passei pelo twitter. No site não tem trampo nenhum dele, mas fica a minha de referência. Eu vou ter que voltar lá daqui um mês pra retocar essa e fazer outra. Se vc estiver aqui nessa época qqr coisa a gente vai lá.
Friozinho láááázaro na barriga!
GO MIA!!!! adoro a MIA meu... posta logo ^o)
Noooooossaaaaaaaaaaaaaaa!!!
Filha da mãe é vocêêêêêê de postar uma coisa dessaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!! tira o doce da boca dos leitoressss kkkkkkkk
A frase do doce foi a melhorrrr kkkkk!!!
Bjokasss!!!
Júúú!!!
teamMiaaaaaaa s2
Outra frase FM trade mark : "Perdi minha integridade e fui procura-lá no meio das pernas da sua namorada..." Essa é a Devassa!
meu, eu queria comentar sucintamente, mas já senti pelo digita-e-apaga que não vai rolar. descobri teu blog hoje, lá pelas... 23h? bom, são 6h30 e eu acabo de me tornar uma fã. costumo substituir vícios e matar as madrugadas com eles. infelizmente, agora que eu já acabei com o arquivo, vou ter que me contentar com as doses homeopáticas de mia, de GFM, de fer [querido, adorei ele!], de dramas e rolos para os quais parece termos imãs [sério, qualquer mulher já é suficientemente complicada. gostando de outras, então.. ¬¬]. bom, só pra te dizer que tu ganhou mais uma leitora. parabéns pelo talento e por conseguir me engasgar, excitar e deixar puta numa só noite. acho que fumei tanto nessa últimas horas quanto a protagonista em todos os posts somados hehe :P
Não é justo vc dexar agente dois dias sem post =/
"Uma coisa é você querer um doce, outra bem diferente é o doce pedir pra você comer ele." Fato rsrs amando isso aqui.
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