Acendi um cigarro e soltei a fumaça lentamente, contemplando
enquanto ela se desfazia no ar. Aquilo me dava uma certa paz. O sexo, digo. Mas não porque era com a Roberta
– poderia ser com qualquer pessoa, eu não ligava. Me virei para o lado e olhei
para ela por um instante. O seu rosto ainda estava vermelho, o quarto todo
estava quente. E abafado. Ela sorriu e eu sorri de volta.
Então voltei a encarar o teto e traguei mais uma vez, segurando a
fumaça por um tempo até soltar. E foi quando a Mia apareceu na minha cabeça.
Com as mangas enroladas sobre os ombros, ao meu lado naquela varanda. Absolutamente
perfeita. Se algum dia eu te levar para a
cama, garota, não vai me trazer porra de paz nenhuma. Só a ideia da Mia sem
roupa ao meu lado fazia as minhas pernas se moverem sobre o colchão, se
reajeitando, incomodadas e descobertas. Numa vontade de se enroscarem nas dela.
Você ia acabar com a minha sanidade, tive certeza, deitada ali.
É. Eu não tinha a menor chance de sobreviver. A Mia ia foder com
toda as minhas estruturas. Não seria
capaz de ficar tão tranquila como me sentia naquele momento com a Roberta.
Não sobraria nada de mim – e eu sabia. Ia me destruir do melhor jeito. Não
conseguia sequer cogitar sem que meu estômago fosse tomado por um bilhão de
borboletas em fúria. Cacete, imaginei, respirando fundo.
_Nós nos divertimos juntas, não? – a Roberta perguntou, ao
perceber o sorriso estampado no meu rosto.
_Sempre – respondi, sincera, me virando para olhá-la.
_Hum. Senti falta disso...
Ela me abraçou pela barriga, encostando a cabeça no meu ombro. Não
respondi nada. Estava absorvida pelos meus pensamentos. Continuei fumando e
observei as curvas que formavam o seu corpo, grudado no meu. Como alguém pode não gostar disso? Na
minha cabeça, não fazia sentido. Digo, como podem existir mulheres héteros? Não
conseguia entender como diabos alguém podia não se sentir atraído por outras
minas.
_Você tá quieta... – a Roberta sussurrou, me observando.
_Tô brisando aqui... – murmurei de volta, enquanto sonhava acordada.
_No quê?
_Sei lá. Em gostar de mulher.
Traguei mais uma vez o cigarro. A fumaça formava círculos no ar e depois
sumia. A Roberta ergueu a cabeça, me encarando:
_De mim?
_Não – respondi, desatenta.
_Mano... – ela se irritou, de repente – ...você é tão filha-da-puta às vezes, sabia?! Porque acho que você nem percebe. Puta merda!
_Calma aí, meu. Não foi isso que eu... – vi ela levantando e colocando a calcinha, ao lado da cama; a situação saiu subitamente do controle – Caralho, viu. Volta para a cama, Rô. Não é isso!
_Em quem você tava pensando?
_Em ninguém!
_Me responde: em quem você tava pensando?!?
_Mano, só para. Peraí, vai... Porra, em ninguém, qual é!
_EU QUERO SABER A RESPOSTA!
_EM NINGUÉM, MEU!
_Você é inacreditável...
_EU?! O QUE EU FIZ? – subi de novo o tom de voz, indignada – Eu tava aqui na minha, pensando em qualquer merda, mas que inferno...
_Bom, você pode ficar “na sua” sozinha.
Ela respondeu, vestindo a blusa, como se quisesse sair logo dali.
Passei as mãos no rosto, sem acreditar que tinha me metido naquela discussão sem
pé nem cabeça em plena madrugada. A Roberta estava furiosa, mal olhando na
minha cara, entre uma peça de roupa e outra.
_Rô... Rôôô... Rô, olha para mim... Roberta!
Mas que
droga. Por que eu fui abrir a
boca?
_Rô, me escuta: eu não tava pensando em ninguém. Em ninguém. Mano,
eu tava só... Sei lá! – comecei a me explicar, sem acreditar que precisava
mesmo fazer aquilo – E-estava pensando em gostar de mulher no geral. Foi só o
jeito de falar! Caralho, eu não fiz nada... Cê vai mesmo fazer essa ceninha
toda, porra, às 3 da manhã?
_CENINHA?! – ela riu, ofendida.
_Rô, desculpa. Me escuta...
_Não. Tem sempre alguém. Sempre. Eu não sei por que diabos eu continuo saindo com você! Porque tem sempre alguma garota, outra babaca melhor para você pensar CINCO MINUTOS DEPOIS DE ME COMER! PORRA! QUAL É SEU PROBLEMA?
_NÃO FOI ISSO QUE ACONTECEU!
_Olha, pensando bem, que se dane. Sinceramente eu tenho pena de quem quer que seja, porque se relacionar com você é impossível! Eu cansei dessa merda.
_Roberta... – eu levantei, abraçando-a quase à força – ...para, meu, não faz isso.
_Eu não devia ter vindo – balançou a cabeça, com os olhos marejados – Eu sou uma IDIOTA!
_Não! Claro que não. Para com isso. Porra, linda... Não tem nada a ver! Eu juro, eu não estava pensando em ninguém.
_Como você pode falar isso pra mim, mano? Depois de me chamar aqui?!
_Eu me expressei mal, e-eu não sei por que eu falei daquele jeito. Desculpa! Não era isso. É sério. Eu não quis dizer que tava pensando em outra pessoa. Meu, dois segundos antes eu tava olhando pra você sem roupa, com o corpo colado no meu, e comecei a brisar sobre como é bom estar com mulher, gostar de mulher, ser sapatão, sei lá! Pensei que é bizarro que existam minas héteros. Não sei. EU NÃO TAVA PENSANDO NADA COM NADA. Foi mal. Mesmo... Fiz merda, Rô. Me perdoa.
E a Roberta suspirou. A verdade é que uma única resposta minha vinha
carregada de todas as outras vezes que eu tinha sido uma completa idiota. Eu a
abraçava sem desviar de seus olhos, sinceramente arrependida. Eu faço tudo errado, mas que droga. Ela apoiou a cabeça no meu
colo, com os braços apertados em volta de mim. E o quarto ficou em silêncio de
novo.
_Sempre – respondi, sincera, me virando para olhá-la.
_Hum. Senti falta disso...
_Tô brisando aqui... – murmurei de volta, enquanto sonhava acordada.
_No quê?
_Sei lá. Em gostar de mulher.
_Não – respondi, desatenta.
_Mano... – ela se irritou, de repente – ...você é tão filha-da-puta às vezes, sabia?! Porque acho que você nem percebe. Puta merda!
_Calma aí, meu. Não foi isso que eu... – vi ela levantando e colocando a calcinha, ao lado da cama; a situação saiu subitamente do controle – Caralho, viu. Volta para a cama, Rô. Não é isso!
_Em quem você tava pensando?
_Em ninguém!
_Me responde: em quem você tava pensando?!?
_Mano, só para. Peraí, vai... Porra, em ninguém, qual é!
_EU QUERO SABER A RESPOSTA!
_EM NINGUÉM, MEU!
_Você é inacreditável...
_EU?! O QUE EU FIZ? – subi de novo o tom de voz, indignada – Eu tava aqui na minha, pensando em qualquer merda, mas que inferno...
_Bom, você pode ficar “na sua” sozinha.
_CENINHA?! – ela riu, ofendida.
_Rô, desculpa. Me escuta...
_Não. Tem sempre alguém. Sempre. Eu não sei por que diabos eu continuo saindo com você! Porque tem sempre alguma garota, outra babaca melhor para você pensar CINCO MINUTOS DEPOIS DE ME COMER! PORRA! QUAL É SEU PROBLEMA?
_NÃO FOI ISSO QUE ACONTECEU!
_Olha, pensando bem, que se dane. Sinceramente eu tenho pena de quem quer que seja, porque se relacionar com você é impossível! Eu cansei dessa merda.
_Roberta... – eu levantei, abraçando-a quase à força – ...para, meu, não faz isso.
_Eu não devia ter vindo – balançou a cabeça, com os olhos marejados – Eu sou uma IDIOTA!
_Não! Claro que não. Para com isso. Porra, linda... Não tem nada a ver! Eu juro, eu não estava pensando em ninguém.
_Como você pode falar isso pra mim, mano? Depois de me chamar aqui?!
_Eu me expressei mal, e-eu não sei por que eu falei daquele jeito. Desculpa! Não era isso. É sério. Eu não quis dizer que tava pensando em outra pessoa. Meu, dois segundos antes eu tava olhando pra você sem roupa, com o corpo colado no meu, e comecei a brisar sobre como é bom estar com mulher, gostar de mulher, ser sapatão, sei lá! Pensei que é bizarro que existam minas héteros. Não sei. EU NÃO TAVA PENSANDO NADA COM NADA. Foi mal. Mesmo... Fiz merda, Rô. Me perdoa.
8 comentários:
também não entendo mulheres heteros e homens gays.
Realmente o post está ótimo.. descrições muito boas.. hehe
bjs
Rrr! ;**
Também não entendo mulher heteros e homens gays/2 --'
posso me apaixonar por uma personagem de blog? kkk
voce eh mto boa
a dani me passou o blog. li tudo num fôlego, tô adorando! você escreve bem. vou continuar acompanhando a saga :)
Gata vc arrasa..muito bom!
sempre fico ansiosa pra ver o resto...
Puth's velho viciei serio.
Vc escreve muito bem...
Bjoss
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