Deitei a cabeça no travesseiro e dobrei as pernas, com os pés
descalços apoiados sobre a cama. Estava inquieta. Acendi um cigarro e passei a
mão no rosto, de barriga pra cima – odiava brigar com o Fer. Me fazia um mal
tremendo. Nossos estranhamentos sempre foram motivados pelo desgaste cotidiano,
nunca por uma razão realmente válida. E por mais idiotas que fossem nossas tretas,
uma vez começadas ninguém pedia desculpas.
Orgulho em excesso, pois é. Transbordando pelas janelas
daquele apartamento.
A minha raiva por vê-lo dar em cima da Júlia sequer fazia sentido.
Não suportava a ideia dele machucando a Mia, mas também nunca fui altruísta a
esse ponto. O Fer perdeu a noção, pensei. Quem preferiria aquela playmobil à Mia? Quem preferiria qualquer
garota à Mia? Talvez eu só quisesse descontar nele o meu rancor, não sei.
Devia era agradecer, revirei os olhos, não sair armando barraco. Levei a mão mais
uma vez até o rosto e traguei novamente, encarando o teto.
É. De uma forma ou de outra, o Fer era o problema. O namorado, o empecilho, a pedra no meio da
porra do caminho. Mas desejar o fracasso do relacionamento deles era egoísta
demais – até para mim. Não queria que isso. Nunca quis – nem por um segundo. Gostava
demais dos dois para desejar qualquer mal a eles. A mera perspectiva de que
ficassem juntos para sempre, por outro lado, me apertava o coração.
Não era tão simples. Antes dos beijos e das conversas cochichadas
no corredor, eu estava conformada com a ideia de nunca ter a Mia. Agora, a possibilidade
era insuportável. Me sentia dividida: se ficasse com ela e o Fer descobrisse,
ele ia me matar. E se eles continuassem juntos, eu provavelmente começaria
muitas outras brigas como aquela e acabaríamos nos matando de toda forma. Ou
seja, a previsão não era muito melhor do que o fim dum filme do Tarantino. E eu
definitivamente não queria perder a cabeça amizade com o Fer. Menos
ainda por uma garota.
Só que não
é qualquer garota, meu coração contestou, é a Mia.
Argh. Senti um incômodo. Tentei me ajeitar no colchão, mas sabia que o
problema não estava na cama. Nem no travesseiro. Isso
não vai dar certo, suspirei. Eu sabia que não ia conseguir
dormir, não por algum tempo. Apaguei o cigarro, me levantei e andei pelo quarto
– já era quase meia noite. Sentei na cadeira do computador e liguei o MSN, apoiando
os pés na mesa. Aí fui passando pelos nomes na minha lista, meio bêbada.
6 comentários:
não sei me expressar, mas parabéns
O melhor blog sem duvida!!
;*
Tuuuudu de bom!!!
Posta posta posta!!!rs
Bjaum
muitooo bom. Parabens
Pq eu, Juliana Freitas, sai do quarto as 00:05, fiz uma xícara de café, e vim ver o próximo posttt!!! rs
KD?!
Qro +
Bjosss
Ps: ctz q n sou só eu hehehe!!!
definindo minha vida em um post.
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