Sabe quando você decide o que quer de Natal e ainda é julho?
Então, você espera. Chegar agosto e aí setembro e depois outubro e
só após muito, muito tempo novembro? Pois bem. Dezembro. Você se acalma.
Acha que está quase lá, não falta tanto, mas daí vêm aqueles 24 dias lentos de
verão que parecem não passar nunca. Dia 1, 2, 3... 14, 15, 16... 21, 22, 23...
Chega a porra do dia. Sua mãe coloca os presentes embaixo da árvore e você olha
um por um, até achar o seu – a caixa é exatamente do tamanho do que você tanto
desejou. Maravilha, você pensa, se animando
por um instante. Mas a verdade é que você está sofrendo – sofrendo duma
antecipação cruel. A espera é devastadora. O resto da família chega aos poucos.
Vocês conversam, por horas – e o presente lá. Vocês começam a pôr a mesa, na
velocidade de uma tartaruga manca ladeira acima – e o presente lá. Vocês
jantam, prato por prato – e o presente lá. Aquela porra não acaba nunca, você
já está quase socando a comida estômago adentro para terminar logo – e o
presente lá. Vocês saem cheios da mesa, os estômagos enormes, e o babaca do seu
tio resolve reunir todo mundo na cozinha para algumas piadas idiotas – e o
presente lá. Eis que surge o Papai Noel, aquele benfeitor desgraçado filho de
uma égua que não para de falar. Pirralho por pirralho, até o fim daquela sacola
imensa – e o presente lá. Você não está mais se aguentando, já perdeu toda a
paciência, não consegue mais se segurar de ansiedade e a sua mãe tem a pachorra
de lhe dizer que os pacotes embaixo da árvore são só para “depois da meia
noite”. São dez e meia. Dez e meia. Você perde a cabeça, grita com a sua mãe,
diz que vai abrir de qualquer jeito e a família inteira te condena. Qual é. Onze horas – e o presente
continua lá. Te chamando, te provocando. Te deixando louca, vai tomar no cu. Você tenta se distrair.
Faz de tudo, espera uma eternidade para olhar novamente no relógio. Aí olha. Onze
e meia. Arghhh! Fala sério?! Onze e
quarenta. Onze e quarenta e cinco. Onze e cinquenta. Onze e cinquenta e cinco.
Onze e cinquenta e seis. Onze e cinquenta e sete. Onze e cinquenta e oito. Onze
e cinquenta e nove. Onze e cinquenta e nove. Onze e cinquenta e nove. Ainda onze e cinquenta e nove? Onze e
cinquenta e nove, onze e cinquenta e nove, onze e cinquenta e nove... Onze e
cinquenta e nove. O minuto mais longo da história se prolonga, irritantemente,
e quando você olha de novo as horas – são onze e cinquenta e nove, ainda.
Puta que pariu.
Puta que pariu.
6 comentários:
Elas estão no sofá,passa um tempão e elas ainda estão no sofá,puta que pariu!
*Essa é minha agonia para chegar ao paraíso!:P*
Ou...
Elas estão nas preliminares,fico dias esperando pelo momento e elas estão nas preliminares... passaram-se tanto tempo e elas,ainda, estão nas preliminares,puta que pariu!
ahahahahahaha Adooooro preliminares!*-*
PS:Deusa da agua e Artemis são a msm pessoa!;)
Eu já gostava do seu blog...
Mas depois desse post metáforas.. Eu gamei de vez!! Eu amo quem sabe usar de maneira adequada essas sutilezas! *.*
Enrolandopra ler o outro post pra ele durar mais! =x
Beijo.
Desculpe-me a sinceridade mas esse foi, sem dúvidas, o melhor post do blog.
Totalmente a favor de metáforas (embora, as vezes, só uma frase bem literal mesmo!) hehehe
Haaaaaaaaaaaaaa comoo eu amooo o natalll!!!!Heheheheh!!!Tá quase acabando o meu chocolate quente!rs
Mel, acho q este foi um dos posts mais cruéis q já postou! Muito bom... remeter ao natal e à espera dos presentes e nos fazer sentir isso, foi excelente! Quer saber, vou fazer uma pausa aqui...
Muito bom mesmo!
Nossa, eu sofri lendo esse post (de novo), E O PRESENTE LÁ! o_o
Acho q foi o melhor uso de metáforas q já vi na vida ><
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