Ao final das lutas e de todas as bebidas que conseguimos achar
naquele apartamento, nos encontrávamos numa brisa boa, caídas no tapete felpudo
do quarto de televisão. O que eu não daria por um baseado agora. Todas
as meninas estavam descalças e deitadas, olhando para o teto enquanto a gente
conversava, à toa. Algo sobre quem sobreviveria mais tempo num apocalipse zumbi.
Coisa da Mia. Foi quando uma das suas melhores amigas, a Michelle, sugeriu a si
mesma como a resposta óbvia.
E deu-se início a uma gritaria.
“Você não consegue matar nem uma barata”, “não ia durar dois dias”,
“cê sabe que não ia ter delivery, né?”, “cala a boca” – as acusações voaram. Todas
bêbadas e discordando entre si. Eu só ria, ciente de que seria a primeira a
arregar, a pular dum prédio, sei lá. Doar meu cérebro voluntariamente
pra não ter que lidar com a ansiedade. Com o intuito de se provar, a Michelle começou
uma briga desajeitada com uma outra garota. E as duas começaram a rolar pelo
tapete, nos atropelando, numa demonstração gratuita de violência que nos obrigou
a levantar e dispersar.
Me sentei mais adiante no chão, ao lado da Mia, apoiando as costas
de novo contra o sofá. E ficamos observando a disputa, nos divertindo. Era meio
de brincadeira, claro, mas elas se desequilibravam e acabavam deferindo
golpes reais por acidente. Aí se xingavam de verdade.
_Hum – cutuquei a Mia, de olho na briga – A gente devia fazer isso qualquer dia, eu e você...
Ela começou a rir. Sem precisar de muito para que soasse como sacanagem.
_Tá achando interessante?
_Opa... – fiz graça, me afundando ainda mais contra o encosto – ...se soubesse que ia ter luta de verdade nem tinha me atrasado.
_Ah! Então, quer dizer que cê veio pelas minhas amigas?
_Não – retruquei – Eu vim por você, Mia.
Ela sorriu, satisfeita. E eu quis cavar um buraco para enfiar a minha sinceridade alcoolizada, argh. A briga seguia à toda. A tal da Michelle conseguiu errar um chute e cair sozinha em cima do tapete – e do próprio braço. Ui. Que dor. Com o canto do olho, reparei que a Mia ainda me observava e virei o rosto na sua direção. Ela sorriu mais uma vez, eu perguntei o que era. Ela só balançou a cabeça, como se fosse besteira – “nada”. Hum. Nisso, a outra menina se enroscou com a Michelle no chão de novo, empurrando outra delas, a Laura, que resmungou e entrou no bolo – era mão e perna para todo lado.
_Hum. Talvez a gente... – a Mia comentou, baixinho – ...devesse mesmo fazer isso, dia desses.
_Oi? – olhei para ela, na hora.
_Você sabe... – mordeu a pontinha da língua, flertando de leve – ...eu e você, pra ver quem ganha.
_É? – sorri de volta.
_Depende. Cê é boa de luta?
_Olha, não sei... – fiz graça – ...mas, né, eu tento treinar sempre que posso.
_Ah, eu imagino...
Imagina?
_Hum – arqueei a sobrancelha – Imagina como?
_Larga de ser tonta... – ela riu e me afastou dela, constrangida – Não desse jeito!
_Aham. Eu sou tonta, mas cê que tá aí querendo brincar de lutinha comigo...
_Que absurdo! Foi você que começou!!
Me deu um tapa na barriga, revirando os olhos, e eu rachei o bico. Mais adiante, suas amigas finalmente começavam a desistir da disputa, se ajudando a ficar em pé. Os meus olhos voltaram de novo para a Mia.
_Se eu te chamar, um dia desses... – tomei coragem e perguntei – ...você vai?
_E-eu... – ela hesitou – ...n-não posso.
_E se eu te chamasse hoje?
A Mia me encarou por um instante.
_Talvez.
_Hum – cutuquei a Mia, de olho na briga – A gente devia fazer isso qualquer dia, eu e você...
Ela começou a rir. Sem precisar de muito para que soasse como sacanagem.
_Tá achando interessante?
_Opa... – fiz graça, me afundando ainda mais contra o encosto – ...se soubesse que ia ter luta de verdade nem tinha me atrasado.
_Ah! Então, quer dizer que cê veio pelas minhas amigas?
_Não – retruquei – Eu vim por você, Mia.
Ela sorriu, satisfeita. E eu quis cavar um buraco para enfiar a minha sinceridade alcoolizada, argh. A briga seguia à toda. A tal da Michelle conseguiu errar um chute e cair sozinha em cima do tapete – e do próprio braço. Ui. Que dor. Com o canto do olho, reparei que a Mia ainda me observava e virei o rosto na sua direção. Ela sorriu mais uma vez, eu perguntei o que era. Ela só balançou a cabeça, como se fosse besteira – “nada”. Hum. Nisso, a outra menina se enroscou com a Michelle no chão de novo, empurrando outra delas, a Laura, que resmungou e entrou no bolo – era mão e perna para todo lado.
_Hum. Talvez a gente... – a Mia comentou, baixinho – ...devesse mesmo fazer isso, dia desses.
_Oi? – olhei para ela, na hora.
_Você sabe... – mordeu a pontinha da língua, flertando de leve – ...eu e você, pra ver quem ganha.
_É? – sorri de volta.
_Depende. Cê é boa de luta?
_Olha, não sei... – fiz graça – ...mas, né, eu tento treinar sempre que posso.
_Ah, eu imagino...
_Hum – arqueei a sobrancelha – Imagina como?
_Larga de ser tonta... – ela riu e me afastou dela, constrangida – Não desse jeito!
_Aham. Eu sou tonta, mas cê que tá aí querendo brincar de lutinha comigo...
_Que absurdo! Foi você que começou!!
Me deu um tapa na barriga, revirando os olhos, e eu rachei o bico. Mais adiante, suas amigas finalmente começavam a desistir da disputa, se ajudando a ficar em pé. Os meus olhos voltaram de novo para a Mia.
_Se eu te chamar, um dia desses... – tomei coragem e perguntei – ...você vai?
_E-eu... – ela hesitou – ...n-não posso.
_E se eu te chamasse hoje?
A Mia me encarou por um instante.
9 comentários:
fuck fuck fuckkkk
o pior é saber q vou ter q esperar o feriado todo p ler o próximo!!!!!
" Talvez"
vc eh fodaa pqp!!
É muita sacanagem! ahh, esses finais.. ahhhhhh
RrrRr!;*
Talvez... :)
A história tá ótima!!
posta mais please.
Para as mulheres um talvez quer dizer sim!*.*
Adorei chegar aqui e ter mais um post,obrigada por alegrar meu sábado!xD
Puts
Talvez...
Eita estratégia cruel de sempre deixar algo no ar!
Só tem próximo depois do carnaval mesmo??? o.o
Bjo.
Caraca, estou fascinada pela história, este conto 'real' ou não, é tudo que o imaginável espera, é de sentir sensações inconfudiveis....Amei. Vc está de parabéns Mel Tatoo
Ed - João Pessoa-PB.
"assim... mas imagina com que frequência?" hahahaha
"E, bom, não tem nada mais interessante para mim do uma mulher em cima da outra."
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