Todo mundo já tinha ido dormir há horas, menos eu. A porra da Mia
não saía da minha cabeça. Aquela conversa me tirou o sono, a paciência, a
sanidade. Eu estava inquieta. Não sabia o que pensar, nem o que fazer comigo
mesma. Todos os cigarros que eu acendia acabavam esmagados no cinzeiro depois
da segunda ou terceira tragada. Era inútil. Não sabia sequer o que sentir – não
conseguia decidir se nós só havíamos conversado, de fato, ou nos metido numa
discussão passivo-agressiva do caralho. Filha
da mãe. Aquilo tudo me irritou desde o começo, mas alguma coisa me sugeria
que eu não estava entendendo a situação por completo.
Não. Não
pode ser ciúmes, eu pensava, mas não conseguia me livrar da ideia.
A Mia me confundia, sempre foi assim. Aquilo me tirava do sério. É só eu achar uma mina decente, alguém que
eu gosto, que você vem e faz isso comigo. De repente se interessa. Porra. Não
tem mais ninguém para você ir torturar? Isso é cruel, Mia. Cruel. Que merda foi
aquela?! Eu não posso nem me divertir um pouquinho. Não posso curtir um dia que
seja. Não sem pensar em você, sem estragar tudo. Sem ter você me emboscando na
droga da cozinha no meio da noite, enquanto seu namorado tá na sala ao lado.
Não posso fazer nada. Nada. Estou presa e acorrentada e afogada bem no fundo desse
seu pocinho de malevolência. Por toda a maldita eternidade, aparentemente. Argh.
Eu quase podia vê-la portando um par de chifrinhos e um tridente.
A ideia me divertia – você é diabólica,
Mia, eu pensava, mas o meu estômago logo embrulhava em angústia. A verdade é
que talvez a Mia não tivesse consciência alguma de como me machucava. De como cada
palavra e gesto seu me afetavam violentamente – ainda mais os daquela noite.
Era cruel, sim, mas de forma alguma intencional. Enquanto eu, por outro lado,
sabia muito bem o que estava fazendo. E era capaz, conscientemente, de causar
um mal ainda maior à Mia caso continuasse me comportando como uma adolescente apaixonada
e inconsequente.
Para piorar a situação, tinha toda aquela vontade... dela. Céus.
Só ficar no mesmo lugar do que a desgraçada já me desestruturava. Não conseguia
tirar os olhos da Mia, numas tensões silenciosas. Ficava nervosa, agia como uma
trouxa. Acho que nunca quis tanto alguém assim. Não importava o quanto, às
vezes, ela pudesse me irritar – com aquele seu jeito de me fazer questionar a
minha sanidade, cacete –, tudo o que eu queria ainda era segurá-la com
toda a minha força e não soltar mais. Me perder nela. Podia gastar, juro, o
resto da minha vida beijando a boca daquela mulher. Puta merda,
suspirei. Ela era incrível e
o meu coraçãozinho não tinha chance alguma desde a primeira vez que eu a vi. Esfreguei as mãos no rosto, angustiada, me
sentindo terrivelmente errada. Inferno.
Quando, de repente, alguém bateu na porta.
Todos os pensamentos que me atormentavam sumiram subitamente e eu
me encontrei sozinha no meu quarto, de novo. Mas o que...? Já estava
tarde, plena madrugada. O silêncio contaminava há horas cada canto do
apartamento. Tirei os pés de cima da escrivaninha e levantei da cadeira, em
direção à porta. Levei a mão até a maçaneta e, quando abri, a vi ali. Mia?
Estava em pé no corredor, só de blusão e com as pernas de fora. Tinha os olhos
inchados, parecia estar acordada há tanto tempo quanto eu.
_N-não consigo dormir... – sussurrou, já soando arrependida.
Havia uma certa fragilidade melancólica na sua voz.
_E-eu também não... – respondi, sincera, a olhando de volta –
...você não quer entrar?
_Não! – ela hesitou, como num susto.
Seus olhos estavam cheios de lágrimas, retidas com certa
dificuldade. E ela tremia na minha frente, prestes a desmoronar. Caralho.
Eu não sabia o que fazer. Parecia cansada, física e emocionalmente exausta, desesperada
por um pouco de paz. E me olhava, insegura – como se ansiasse por um gesto meu,
por qualquer solução para aquilo tudo. Meu coração disparou.
E assim, sem pensar, eu a beijei.
_Não! – ela hesitou, como num susto.
12 comentários:
Ai que orgulho de ser sua namorada! Ahahaha
Parabéns, gatinha... isso só fica melhor a cada post ;*
aeee.. novela das oito, que acaba nos melhores momentos..
Hoje eu robo aquele caderno, sabe pq? to viciada. E é como trauma, não se explica...
ps.: dps do beijo.. agora vamos esperar por algo que consegue ser melhor, o sexooo! hehe
RrrRr!
vai se ferra q acaba assim, cadê o proximo???????
ta maravilhoso o blog!! sempre!!!
Agora quero maiss! hahaha
muito bom!
a Mah TEM que se exibir, né? tsc tsc!
meu, eu engoli seu blog inteiro em uma hora. eu já tinha entrado aqui, dado uma fuçada, mas nunca tinha tempo pra ler. hoje, como os passeios terminaram cedo, resolvi atacar. meeeeeeeeeu, você deveria fazer uma mini-série pós meia noite na Globo a lá L Word!
tá MUITO bom! termina hoje!!!!!!
aaaahhh agora o próximo que é o fundamental! hauhaua
Tô ansiosa pra ler. Bjo
descobri o blog hoje numa comunidade qualquer no orkut. cliquei meio sem fé, mas adorei.
história envolvente, marcante
já coloquei nos favoritos :D
Enfim saiu esse beijo .. tô adorando o blog e olha que eu nunca tive paciência p ler nada em blog..rsrs
Nesse post me escapuliu uma lágrima (L)
Quero isso comigo e com a minha anjelita ......:'(
Araaaa Mel, me ajuda,
I'm love sick ...........
Caralho, se eu disser que chorei, acredita?
Caralho, chorei, mesmo
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