A sexta-feira foi estranha. Não ruim em si, como foram todos os
outros dias, mas... estranha. Não
sei. Na volta do trabalho, a noite caiu quente e tediosa. Decidi ficar em
casa. E lá pelas tantas, o Fer interrompeu uma tentativa quase suicida de me
afogar em rum na cozinha, plantada pateticamente em pé ao lado da geladeira,
para fazer um anúncio. Vejam bem, não foi uma proposta – foi um anúncio.
_Vamos dar uma festa aqui amanhã.
Quase engasguei. Ah, mas não
mesmo, o olhei com
desprezo, indignada. Confiante de que minha expressão facial transmitiria a
minha absoluta desaprovação da ideia. Mas ele começou a rir. E no instante
seguinte, a Mia entrou, se pondo a ouvir a nossa conversa.
_Não adianta fazer essa cara, ô Pequeno Raio de Sol, já chamei
todo mundo... – o Fer fez graça – Vamos dar a festa, sim. É por uma boa
causa...
_Ah, é? Qual?! Acabar com todo o nosso dinheiro?
_Não – riu – Acabar com a sua agonia.
Em outras palavras, me forçar ao entretenimento. Que inferno. Eu não queria me divertir. Mas
nem a pau, estava conformada na minha infelicidade momentânea. Por que ele
não pode só aceitar isso? Fora que eu não tinha vontade alguma de ver... argh... outras pessoas. Merda. Me voltei para a Mia em busca de
qualquer ajuda, mas ela olhava para o Fer com um leve sorriso no rosto.
Você
também tá metida nessa, aposto.
_Vocês dois tão tramando contra mim – reclamei – Eu não quero
festa nenhuma, só quero que me deixem em paz.
_Olha, você pode até não querer, mas não tem muita escolha. Você vai ter que se animar e vai ter que ser até amanhã à noite ou sérias providências serão tomadas... – o inconveniente do meu amigo se divertiu – Porque morar com você desse jeito é impossível.
_Deus do céu... Mas essa é a sua solução?? – indaguei – Você não podia simplesmente... sei lá... t-ter me arranjado... tipo... Valium?
_Não, senhora. Contente-se com a sua festa.
Não, obrigada, revirei os olhos. E uma vez dado o recado, o Fer deixou a cozinha, provavelmente sorrindo de satisfação a caminho do seu quarto. Mas a Mia ficou. Esperei por alguns segundos, certa de que ela sairia atrás dele, só que ela não se moveu – e aí que ficou estranho. Voltei meus olhos na direção dos seus, sem entender o que ela ainda estava fazendo ali. E nada. Ficou parada ali, me olhando, mexendo numa mecha do seu cabelo.
_Cê tá bem? – perguntei, baixinho.
Não respondeu. Apenas olhou para o chão por um instante e, depois,
voltou a me encarar. A tensão no ar parecia prolongar o tempo. Ficamos um tempo
nos olhando em silêncio. Às vezes, ela chegava a abrir a boca, como se
estivesse prestes a falar, mas logo desistia. E não dizia nada. Comecei a ficar
impaciente.
_Cê quer me dizer alguma coisa? – dei mais um gole do rum – Que
foi, meu?!
_Nada.
Retrucou irritada e saiu. Simplesmente se virou e saiu da cozinha,
aquilo me deixou louca.
Era só o
que me faltava.
_Ah, é? Qual?! Acabar com todo o nosso dinheiro?
_Não – riu – Acabar com a sua agonia.
_Olha, você pode até não querer, mas não tem muita escolha. Você vai ter que se animar e vai ter que ser até amanhã à noite ou sérias providências serão tomadas... – o inconveniente do meu amigo se divertiu – Porque morar com você desse jeito é impossível.
_Deus do céu... Mas essa é a sua solução?? – indaguei – Você não podia simplesmente... sei lá... t-ter me arranjado... tipo... Valium?
_Não, senhora. Contente-se com a sua festa.
Não, obrigada, revirei os olhos. E uma vez dado o recado, o Fer deixou a cozinha, provavelmente sorrindo de satisfação a caminho do seu quarto. Mas a Mia ficou. Esperei por alguns segundos, certa de que ela sairia atrás dele, só que ela não se moveu – e aí que ficou estranho. Voltei meus olhos na direção dos seus, sem entender o que ela ainda estava fazendo ali. E nada. Ficou parada ali, me olhando, mexendo numa mecha do seu cabelo.
_Nada.
1 comentários:
Precisei comentar, ótimo trabalho.
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