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janeiro 06, 2010

O sábado seguinte

Uma coisa não saía da minha cabeça – o que diabos a Mia perguntou sobre mim no Inferno?
 
A curiosidade dela me perturbou a semana inteira, mas eu não podia simplesmente retomar o assunto com o Fer. Seria burrice demais. Afinal, não havia motivo para eu me interessar tão insistentemente pelo assunto. Então, dia após dia, me torturei com a incerteza. Queria saber o que ela tinha dito, palavra por palavra – descobrir até que ponto ela estava curiosa sobre aquilo tudo e, especialmente, sobre mim. Mas obviamente não podia perguntar para nenhum dos dois.
 
A única coisa que me distraía de toda aquela angústia eram as trocas de mensagem com a Clara – que ocupava minhas madrugadas de um jeito despretensioso, me mandando músicas para ouvir e me fazendo sorrir a cada vez que o celular apitava. Bomba Estéreo. Onda Vaga. Smiths. Billy Idol. Natalia Lafourcade. Portishead. E é, eu sabia que ela não merecia ser metida no meio daquela minha confusão, mas a verdade é que me deu vontade de vê-la, conforme o fim de semana se aproximou. E aí fiz o que o que ninguém com o mínimo de moral faria – peguei o telefone e liguei para ela, a convidando para passar o sábado comigo.
 
Assim que desliguei, caí na real. Por que cargas d’água eu fui fazer isso? Sempre fui mestra em me autossabotar, mas nos últimos tempos andava exagerando. Me enrolando sem pensar. O que era uma péssima, péssima estratégia caso eu quisesse ter um relacionamento real – e não ridiculamente platônico – num futuro próximo. Com a boca numa, o coração na outra e a cabeça terrivelmente confusa, sem saber para onde ir. Qual o meu problema?
 
Mas ela veio. Tocou minha campainha lá pelas 11 da manhã no sábado e eu abri a porta, dando de cara com aquelas suas pernas, num vestido desbotado, desses de ficar em casa. Caralho. Era mais linda do que eu me lembrava. Tinha uns óculos escuros por cima do cabelo bagunçado, repicado e com uns fios desiguais, e um “subversão” escrito bem pequenininho logo abaixo da linha do ombro, que parecia ter sido tatuado um dia antes.
 
Olhou para aquela minha cara de chapada, de quem deu pegas demais num baseado antes mesmo de comer, largada numa bermuda de moletom velha e com uma camiseta branca que transformei em regata uns anos antes – dessas que o tecido enrola nas bordas cortadas, sabe? –, e riu. Pois é. Naquela minha vagabundice toda, eu não era nem de longe digna daquela mulher incrível. Mas passei a mão pelo meu cabelo bagunçado e sorri para ela, de volta.
 
_Entra aí, meu...
 
Na casa. No quarto. No chuveiro. Em mim. O n d e  v o c ê  q u i s e r.
 
E pelas horas seguintes, ficamos tão mergulhadas nos meus lençóis que esquecemos do mundo. Do lado dela era fácil, não sei. Me desliguei de tudo, metida entre as pernas e os beijos da Clara, não prestei atenção... e não ouvi quando a Mia chegou.

3 comentários:

Lari disse...

ihh, vai da merdaa huahauahau to amando melzinha :]

Friends ♥ disse...

Caraca, tri legal, guria!!! Da onde tirastes tanta inspiração!!! Por favor Nãooo pareee!!!

@livia_skw disse...

Clara Clara Clara <3