_Mia, oi! – me assustei, assim que entrei na cozinha.
Passamos pela porta e, para minha surpresa, lá estava ela. Sentada
à mesa com o Fer, como se tivesse acabado de vir da rua. Tinha esquecido
completamente da possibilidade de encontrá-la no apartamento naquele sábado, droga. Me enrolei para disfarçar o
espanto, subitamente nervosa – “o-o que você tá f-fazendo aqui?”.
_Eu... vim... visitar o Fê?
Ela respondeu, sem entender bem o porquê da pergunta.
_Ah. Óbvio!
_Cê bebeu, mano?! – o Fer me perguntou, como se eu fosse louca.
_Não, c-claro que não – eu ri, sem jeito, tentando disfarçar meu comportamento inadequado – Só n-não sabia que você, v-vocês tavam aqui...
_Eu ia lá te falar “oi” – ela explicou – Mas a porta do quarto tava fechada, então...
_É, e-eu tava meio... ocupada... – respondi e a Clara me abraçou pela cintura, afundando o rosto no meu ombro – Bom, m-mas... Continuem aí o, o que quer q-que cês tavam fazendo, nós só vamos pegar o resto da pizza e já tamo saindo. Ignorem nossa presença!
Atravessamos a cozinha e a Clara cochichou no meu ouvido, ainda aos
risos – “a gente tá causando”. Achei graça, estamos mesmo. Ela abraçou as
minhas costas enquanto eu vasculhava a geladeira atrás do nosso almoço tardio.
Perguntei se ela costumava comer pizza assim lá no círculo Ártico e ela se
divertiu, pegando a caixa para olhar.
_Olha, essa aí acho que não... – brincou.
_Vai dizer que o delivery da Augusta não chega?
_Ah, se pá... – fez graça – ...ia levar só, o quê, uns 2 meses?
_Isso, meu. Rapidinho!
Não conseguíamos parar de rir daquela baboseira, agindo como duas
tontas. Na mesa, o Fer e a Mia nos olhavam meio assustados e sem entender uma
palavra. Me sentia bem ao seu lado. A beijei um pouco mais forte, a puxando
mais para perto.
_Hummm, Bowie... – ela zombou, me segurando pela cintura
– Quem diria que eu ia gostar tanto de caras?
_Não se preocupa, gata... – me aproximei do seu ouvido e falei baixinho, em inglês– ...I fuck like a girl.
Suas mãos agarraram ainda mais a minha camiseta. E nos beijamos de
novo, rindo, nuns amassos contra a pia. Nossa presença contagiava o cômodo – do
jeito mais irritante, provavelmente. O Fer agora ignorava aquela paixonite descarada,
lendo qualquer coisa na caixa de cereal, mas a Mia ainda nos observava. E eu senti
que lhe devia explicações:
_Eu s-sou... o Bowie... – apontei para a minha estampa – ...e tô pegando
a-a Björk! – sorri, satisfeita – Entendeu?
Ela meio sorriu de volta, sem achar graça. Não realmente.
_Vem, vou te mostrar onde fica o backstage, gata... – puxei a Clara pela mão, tirando o prato do
microondas.
Fomos até a porta da cozinha, de mãos dadas, nos divertindo com o
papelão que estávamos fazendo. Olhei para a Mia mais uma vez antes de sair e
ela continuava lá, parada, me observando. Não
consigo te entender, pensei.
E saí.
_Cê bebeu, mano?! – o Fer me perguntou, como se eu fosse louca.
_Não, c-claro que não – eu ri, sem jeito, tentando disfarçar meu comportamento inadequado – Só n-não sabia que você, v-vocês tavam aqui...
_Eu ia lá te falar “oi” – ela explicou – Mas a porta do quarto tava fechada, então...
_É, e-eu tava meio... ocupada... – respondi e a Clara me abraçou pela cintura, afundando o rosto no meu ombro – Bom, m-mas... Continuem aí o, o que quer q-que cês tavam fazendo, nós só vamos pegar o resto da pizza e já tamo saindo. Ignorem nossa presença!
_Vai dizer que o delivery da Augusta não chega?
_Ah, se pá... – fez graça – ...ia levar só, o quê, uns 2 meses?
_Isso, meu. Rapidinho!
_Não se preocupa, gata... – me aproximei do seu ouvido e falei baixinho, em inglês– ...I fuck like a girl.
1 comentários:
Este post é uma graça! Como a FM consegue, a cabeça em um lugar e o "resto do corpo" em outro!?! :/
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