Horas depois e a festa estava sendo um sucesso – no sentido mais
depreciativo e imoral da palavra. Toda alma paulistana que não estivesse
bebendo, conversando, fodendo ou dançando no nosso apartamento naquele sábado à
noite estava, com certeza, arrependida. E todos os meus vizinhos encontravam-se
declaradamente furiosos. Que se foda.
Eu estava me divertindo, por fim, e a multa certamente não ultrapassaria o
limite do impagável – eu e o Fernando tínhamos um fundo mensal reservado só
para as advertências do prédio.
As duas doses iniciais de tequilas passaram por mim quase
despercebidas e o rum não fez nem cócegas. Foi só quando eu cheguei no whisky
que a minha cabeça começou a me enviar sinais reais, latejantes, de que
eu ia ficar muito louca. Não era minha culpa: algum santo trouxe Jameson para a
festa e eu simplesmente não podia resistir àquela garrafinha verde. God bless the irish. Sentamos, eu e o
irlandês, num canto espremido do sofá. Ao meu lado, estava o Gui e mais umas
dez pessoas amontoadas.
Lá fiquei por um tempo, entre um gole e outro, escutando o meu
amigo incalável discursar sobre a noite em que o deixei sozinho no Vegas e todas
as suas peripécias sexuais com o DJ misterioso. Eu não queria saber metade. Tudo
me soava extremamente exagerado e fora de proporção, mas assim era o Guilherme.
_...ai, enfim, tô apaixonado.
_Ah, jura? – eu levantei a sobrancelha e comecei a rir.
O Gui era um romântico incurável com um problema de foco. E de
fidelidade – diga-se de passagem. Raramente tinha o seu coração partido, era
sempre o primeiro do casal a cair de amores por um outro cara qualquer e seguir
a sua nova “paixão verdadeira” até a cama. Os seus novos sentimentos o
mantinham entretido e os seus exs, coitados, acabavam sozinhos. Sempre um passo
atrás dele.
No auge dos meus 20 e poucos, eu poderia facilmente me identificar
com o Gui. Exceto pela parte de me apaixonar tão efusivamente – desde que me
conheço por gente, insisto em reservar o meu coração para raras e muito mal escolhidas
ocasiões. Sendo assim, lances como o que rolou entre a Clara e eu eram muito
mais comuns na situação inversa. E isso divertia o Gui:
_Agora você saaaaabe como toda a sua hortinha se seeeente quando
você resolve ir regar outra florziiiiinha mais interessante... – debochou,
quase cantarolando.
_Cala a boca. Ela não era mais interessante!
_Ui. Alguém está bravinha...
_Não tô nada! – contestei, já consideravelmente bêbada, levantando o indicador na direção do Gui – E a Clara é uma idiota. Todas são – esbravejei, amarga – Não tem nada que preste em porra de horta nenhuma nessa cidade e eu já tô de saco cheio de comer sempre a, a mesma...
_Planta?
_É.
O Gui se divertia com o meu azedume alcoolizado. Eu estava
completamente fora de mim.
_E o que você vai fazer então? Passar fome? – me zombou.
_Ah, não mesmo...
Respondi, olhando fixamente para a Mia. Ela conversava em pé a
alguns metros do sofá, absolutamente maravilhosa. O Gui olhou na direção dela e
depois para mim, rapidamente dando-se conta das minhas intenções.
_Cê não pode realmente tá pensando nisso!
_Ah, tô...
_Cê tá muito louca, bicha – o Gui questionou, ao perceber o que se passava pela minha cabeça – PERDEU O JUÍZO?!
_Não, não perdi... Aí que cê se engana! – argumentei, afundada no sofá – As coisas finalmente começaram a se encaixar, gato... Tudo o que eu sentia por ela, toda aquela confusão, de repente faz sentido.
_Mas isso é... v-você não... você... v-você olha lá, meu, presta atenção, porque...
_Não quero nem saber – prossegui, bebendo mais um pouco do whisky já quase esquecido na minha mão, e olhei para o Gui, confiante – Hoje, ela é minha.
_Amada! – ele se indignou e riu, como se eu estivesse prestes a cometer uma loucura – Essa é justamente a questão: ela NÃO é sua. E VOCÊ SABE DISSO!
_Ah, mas vai ser... – garanti, sem tirar os olhos da Mia, e me levantei do sofá.
_Pelo amor de deus, senta!
Ignorei-o. Aquela conversa havia deixado muito claro para mim o
que precisava ser feito – o exato oposto do que o Gui disse. Estava decidida a botar o meu plano
em prática. Então, sem pensar duas vezes, andei em direção à Mia – me aproximando
por trás dela.
_Vem comigo – pedi, a pegando pela mão.
E ela me seguiu.
_Ah, jura? – eu levantei a sobrancelha e comecei a rir.
_Cala a boca. Ela não era mais interessante!
_Ui. Alguém está bravinha...
_Não tô nada! – contestei, já consideravelmente bêbada, levantando o indicador na direção do Gui – E a Clara é uma idiota. Todas são – esbravejei, amarga – Não tem nada que preste em porra de horta nenhuma nessa cidade e eu já tô de saco cheio de comer sempre a, a mesma...
_Planta?
_É.
_Ah, não mesmo...
_Ah, tô...
_Cê tá muito louca, bicha – o Gui questionou, ao perceber o que se passava pela minha cabeça – PERDEU O JUÍZO?!
_Não, não perdi... Aí que cê se engana! – argumentei, afundada no sofá – As coisas finalmente começaram a se encaixar, gato... Tudo o que eu sentia por ela, toda aquela confusão, de repente faz sentido.
_Mas isso é... v-você não... você... v-você olha lá, meu, presta atenção, porque...
_Não quero nem saber – prossegui, bebendo mais um pouco do whisky já quase esquecido na minha mão, e olhei para o Gui, confiante – Hoje, ela é minha.
_Amada! – ele se indignou e riu, como se eu estivesse prestes a cometer uma loucura – Essa é justamente a questão: ela NÃO é sua. E VOCÊ SABE DISSO!
_Ah, mas vai ser... – garanti, sem tirar os olhos da Mia, e me levantei do sofá.
_Pelo amor de deus, senta!
4 comentários:
Aaah nao acredito...
To mais curiosa ainda
É agora que elas se pegam (?)
;*
Caralhoooooooooooooooooo Mellll!!!!!!Vc me deixa lokaaaaa com esses postssss!!!Quando acabam eu dou um grito de raiva pq qro saberrrr oq vai acontecerrr kkk!!!
Bjaummm - ADOOOOOROOOOO!!!!!!
manooo agora vai
Huahuahua. Acho esse post demais ;)
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