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janeiro 23, 2010

A Festa 3

Tranquei a porta do banheiro atrás de nós e o barulho da festa se tornou abafado. Estava escuro ali dentro. As luzes do lado de fora passavam por uma frestinha no batente e a Mia encostou numa das paredes, me olhando atentamente. Caralho, senti o meu coração subindo pela garganta, é agora. As minhas mãos tremiam e ela não tirava os olhos de mim, meu deus. Estava nervosa, ela também. Conscientes demais do que estava prestes a acontecer. Suspirei e dei um passo em sua direção, ela hesitou:
 
_S-só porque eu te falei aquilo, n-não quer dizer que...
 
Me aproximei do seu corpo, a interrompendo.
 
_É só você me pedir, Mia... – encostei a testa suavemente na sua, fechando os olhos – ...que eu paro.
 
Podia sentir a sua respiração, a milímetros de distância de mim. O meu braço tocou o seu sutilmente, deslizando os dedos sobre a sua pele. E senti a minha ansiedade sumir, aos poucos. Todas as dúvidas e as nossas conversas e as brigas e a Clara e a festa, de repente, sumiram. Abri os meus olhos e os dela me olhavam de volta, aqueles olhos castanhos grandes. Tão perto que bastou um movimento na sua direção.
 
A beijei.
 
Contra a parede – puta que pariu.
 
Aquele, sim, era um beijo bem diferente do nosso primeiro. Era o beijo com o qual eu tinha sonhado um milhão de vezes. Nos encaixamos. A sua língua encostou na minha e eu perdi a força no corpo inteiro, numa vontade desnorteante de não desgrudar minha boca da sua até a festa acabar do lado de fora. Meu deus, essa garota. Agora fazia sentido. Todas as babaquices românticas que passei a vida ridicularizando, de repente, faziam sentido. Nunca nada foi assim, tão gostoso. Tão nosso. Mas eu sabia que tinha que ir com calma – as mãos dela não se moviam, coladas contra os ladrilhos. Soltei a sua boca, como quem volta à superfície para respirar. Dei um passo para trás, tentando recuperar o fôlego a cabeça os batimentos cardíacos. E a Mia tirou a franja do rosto, a segurando em cima da cabeça por um instante.
 
“Caralho”, sussurrou.
 
E nos contemplamos por um breve momento. Ela mordia a boca, processando o que acabara de acontecer, mas sem desviar o olhar do meu. Senti meu estômago congelar, em que merda estamos nos metendo, garota? E foi quando um sorriso escapou, escondido, no canto da sua boca. Movi na sua direção, na mesma hora – colocando o braço ao redor da sua cintura, a puxando para mim. A pressionei na parede e a Mia segurou o meu rosto com ambas as mãos, me beijando de volta. E aí, sim, os beijos de verdade começaram.
 
Que se foda o autocontrole. Desci as mãos para as suas coxas, afundando os dedos na sua pele. A Mia me segurava pela nuca, me trazendo para perto dela, entrelaçando os dedos no meu cabelo nuns amassos, assim, de foder a cabeça. Meu deus. Acho que nunca segurei uma mulher com tanta vontade. 

4 comentários:

Ketlen K. disse...

Uhuuulll
já tava na hora :)
Adorei
;*

Anônimo disse...

brilhante!!!

lu disse...

E aqui Napoleão perdeu sua segunda guerra! Uau... como havia me esquecido deste post! :)

@livia_skw disse...

Banheiros...